29 de jun. de 2009



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engraçado pensar que eu me surpreendo todo dia. Às vezes, numa tarde penso mais do que numa semana. em outros momentos, passo um mês sem pensar em nada de importante. e posso evoluir muito num minuto, ou quase nada em um ano..

percebi que isso depende sempre de você. do que você espera, do que você acredita, do que você duvida. as ações da vida são sempre uma resposta ao seu modo de enxergá-las.. eu posso ver uma queda como um recomeço, e você como um fim. eu sorrio ao pensar que, à medida que me entendo, entendo mais as outras pessoas. porque cada diferença tem um ponto de partida, cada fato e acontecimento tem uma importância, e, apesar de nenhum deles representar o que eu sou, todos eles tem parte no que eu me tornei..
eu acho que a melhor forma de me definir é dizendo que eu sou uma pessoa disposta a acreditar, que hoje sorri dos erros e agradece por cada um deles, preferindo sempre me permitir sentir do que a postura fingida. adoro coisas novas, e já entendi que nada pode ser como já foi um dia, que um segundo pode transformar um dia de sol num dia de chuva, e que uma atitude pode levar embora tudo o que um dia foi, e não é mais.. aliás, desisti de buscar o que foi, e prefiro ir atrás do que não é, e pode ser. desisti de me iludir acreditando que só o meu querer vai tornar algo insubstancial uma coisa concreta. mas respeito e admiro todos os "quereres", porque sem eles o ontem não teria feito valer a pena o hoje.
são sonhos, vontades, desejos, irreais, surreais! mas a porta de entrada pra realidade!
admiro e prezo por pessoas sinceras, de bom coração, e continuo aprendendo que cada um tem seus limites. vivo tentando respeitá-los..
em troca, não espero um sim, nem um sorriso. mas também não tenho medo do não. não espero nada, nem me importo com o que me oferecem, porque o que eu sou não vai mudar.. a menos que essa seja a minha vontade.
(camilla borges - 10/03/2009)

BILHETE
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

Mário Quintana

15 de jun. de 2009

Café preto, puro. Com ou sem açúcar?

Decidi vim falar do café. Ou pelo menos começar falando dele. Faz um pouco mais de uma semana que eu não tomo café, quer dizer, até hoje. Hoje tomei um gole, mas não decentemente. A dor que eu sentia voltou, e eu parei. Dor física, mesmo. Daquelas com direito a remédio pra melhorar..
Mas agora estou melhor. E resolvi lembrar um pouco do que a companhia dessa bebida preta me recorda.
Principalmente, de muitas noites, sozinha, sentada, estudando, lendo livros e mais livros. Porque a maior parte da minha curta vida foi passada na escola, e como eu sempre tive pais exigentes, estudava. Até adquirir um gosto por isso.
Mas também tiveram as noites que eu passei, sozinha, lendo, só que dessa vez, romances. Cheguei à conclusão que pra mim, café é concentração. Me acalma, tira a ansiedade, me faz sentar, respirar e focar no que está na minha frente. Ou então me dá forças pra um dia longo e cansativo, que eu sei que vem pela frente..
Lembro um dia em que eu tinha passado a manhã e a tarde dançando pra uma apresentação, que era à noite. E cheguei em casa, só pra tomar um banho quente e rápido, antes de voltar pra lá. E tomei uma xícara de café, e outra. E minhas forças, pelo menos as que ainda eram possíveis de retornar ao meu corpo, vieram com tudo. Foi, senão suficiente, pelo menos necessário pra aguentar aquela noite cansativa e feliz.
Eu me convenci que sou uma pessoa sensível. Não no sentido de emoção, que eu também sou. Mas no sentido de sentidos, mesmo. Cor, sabor, som, luz, cheiros. Tudo isso me lembra dias, semanas, meses, épocas.
O café me lembra toda a minha vida. Ou pelo menos a parte em que eu estava consciente. Desde novinha, eu sentava na cozinha, conversando com as empregadas, com um pacote de biscoito maizena do meu lado, e conversava, conversava. Molhava o biscoito no café. Conversava, comia, conversava, comia. Acho que tive uma infância diferente.
Como filha única, não tive irmãos pra brigar nem pra brincar. Meus irmãos por parte de pai eram mais velhos, não viam graça no que eu fazia ou queria fazer. Então eu fui, algumas vezes, obrigada a ser adulta antes do tempo. Sentava pra ouvir as histórias, e ficava encantada com elas. Histórias da vida real, e não dos livrinhos de mentirinhas que as crianças costumam ouvir. Deles eu também gostava, claro. Qual criança não gosta de um desenho animado? Mas muitas vezes eu preferia a animação de ouvir fatos que aconteceram, contado por pessoas que tinham vivido o que contavam.
Nesse meio tempo, meus pais trabalhavam muito. Passaram a maior parte da minha infância entre uma viagem e outra, e foi assim que eu ganhei uma mãe de coração que tenho até hoje, minha babá da época. E foi assim também que eu ganhei doces lembranças, ainda que nem sempre adequadas pra uma menina de 5, 6, 7 anos, como eu era, de pessoas de carne e osso.
Na maioria das vezes, eram os empregados da minha casa. Eu tinha amigos, claro. No meu prédio, possuía um grupo de amigas, algumas das quais tenho até hoje. Mas com elas eu brincava de ser criança. Eu era criança, afinal. E aí eu sentia falta de passear pelo mundo adulto. Queria sentir mais de perto uma vida que estava perto da minha, mas que tinha muito mais emoção, mais ação. Não sabia eu que a minha também teria. Ou pelo menos eu acho que tem.
Assim, desde criança, quando eu ainda tomava café com açúcar, eu costumo sonhar.
Sonhar com aquilo que ainda não tenho, não sou, mas posso ser, ter, fazer. Adoro ser assim.
Mais do que isso, dessa época e dessa convivência, trago comigo uma das minhas maiores qualidades, ter aprendido a respeitar o outro. Não importa cor, raça, gênero nem condição social.
Porque eu tive um pai, por 18 anos, que foi o meu motorista. E ganhei uma mãe, que tenho até hoje, que era a minha babá. Continuo tendo, além deles, meus pais de sangue. Pai e mãe de sangue. Mas aprendi, com isso, que de onde menos se espera, podemos encontrar um alguém especial, diferente, que se preocupa com você, que busca a sua felicidade, que pode lhe amar, lhe querer bem, compartilhar a vida dele com você, e, não importa a idade, quando vai, deixa um pouco de si, e leva um pedaço de você.
Todas as pessoas que passaram na minha vida deixaram um pedaço delas comigo. E todas elas levaram também um pedacinho de mim. Mas, aos que me ensinaram, com tanto carinho, aos que cuidaram de mim como se eu fosse filha deles, aos que se preocuparam, olharam por mim enquanto meus pais não estavam lá, a essas pessoas eu agradeço por ter deixado comigo uma das melhores partes de mim.
Sempre pensei em um dia colocar isso pra fora, minha gratidão, amor, carinho, estima, por todas essas pessoas. Do meu pai-motorista que infelizmente hoje não tenho mais contato, à minha mãe-babá que eu amo como uma mãe ainda hoje, passando pelas empregadas que ficaram na minha casa por muitos anos, cozinharam pra mim, conversaram comigo, compartilharam comigo suas vidas, me fizeram entender e respeitar, me ensinaram a ser humilde, a todos vocês eu devo muito.
O café continua aqui, agora, sem açúcar, mas com adoçante. E através e por causa dele, eu estou aqui, sentada, alguns anos mais tarde, mais velha, mais consciente, provavelmente diferente, mas posso sentir, em uns poucos goles, o sabor de épocas que já não voltam mais..

14 de jun. de 2009

Pela janela aberta

Quando eu escrevo um título, normalmente não penso sobre ele. Vem de dentro. E eu costumo deixar que as palavras me levem, e talvez deem sentido ao que começou de um pensamento. Apenas pensamento.
É o que estou fazendo agora, o que ando fazendo, o que sempre fiz. Adoro pensar. Em situações loucas, ou possíveis, relembrar, reviver, criar pra que aconteça. E hoje eu me lembro de ontem.
Das amizades construídas? Dos dias felizes? Dos sorrisos compartilhados? Do choro na despedida? Do desespero quando algo deu errado? Da dedicação? Do medo do desconhecido? Da ansiedade pelo novo? Não. Hoje eu me lembro de ontem, ou de hoje, visto que não fazem nem 24 horas.
Mas de quê? Dos meus pensamentos, principalmente da minha capacidade de pensar coisas absurdas enquanto você falava. Mas não é que você tenha falado besteira, porque se isso tivesse acontecido, eu ia precisar ter me concentrado pra conseguir rebater e responder ao que você falava. Mas eu não precisei me concentrar, porque eu entendia tudo o que você dizia.. E por isso eu pude viajar, e pensar, porque, engraçado, me senti numa zona de conforto.
Às vezes precisamos de muitas conversas pra começar a sentir uma confiança maior, o que me surpreende é quando isso acontece na primeira. Não é confiar, de se expor. É confiar, de se mostrar. Mas eu acho que você entendeu, você entende, e, se não, vai entender. Não achei ruim, mas achei diferente. Tentando lembrar de quando isso aconteceu pela última vez, me surpreendo mais.
Não quero falar sobre isso mais do que falei, porque ainda não é hora.
Mas ainda preciso juntar as coisas, e explicar aonde todos esses pensamentos soltos se unem em uma bagunça que faça pelo menos sentido..
Aonde?
Na minha casa.
Como? A porta ainda não está aberta, mas, contrariando o meu pensamento controlador, alguma coisa entrou pela janela sem que eu tivesse percebido..
Esqueci de fechar. Na verdade, acho que no fundo eu deixei aberta, por alguma razão. Ainda espero entendê-la, por enquanto eu só desconfio.
E foi essa pergunta que eu te fiz. Porque você, e porque agora? Mas você não sabe me responder, porque não dá pra saber. Pode ser que seja só mais um vento forte, gelado, que bata no rosto, balance os cabelos, deixe uma brisa suave, e depois vá embora. Mas pode ser que fique. E esquente um pouco a minha casa, e assim eu possa desligar o aquecedor.. por algumas horas, dias, semanas, vai saber.
Eu resolvi, enquanto isso, parar. Sentar no sofá, respirar fundo e esperar pra ver o que vai acontecer..

8 de jun. de 2009

Sono e saudade.

Não sei de onde tirei esse título. Mas são dois sentimentos que me povoam nesse momento. Depois de uma jornada cansativa e intensa, mais ou menos dois meses seguidos, com poucos intervalos de calmaria, com muitas novidades e muita informação nova pra assimilar, estou um pouco cansada.
E, se antes o meu cansaço poderia ser sanado em dias de inércia, hoje ele precisa ser guardado, pra ir sendo sanado aos poucos. Um pouco amanhã, outro pedaço na quinta, um pedação no sábado. E domingo já tenho que voltar. Nada, nem vou poder parar. São momentos de descanso intercalados com momentos de responsabilidade. Porque essa não me escapa mais. Prefiro assim.
A saudade é nostálgica, do que já foi, e como era antes. Mas não é uma saudade do tipo querer que volte.. Só em curtos períodos, como poder passar uma semana inteira sem fazer nada, e sem precisar fazer. Porque eu posso passar sem fazer, mas aí vai acumular depois..
Ando me acostumando com essa vida de gente grande. Na escola, eu achava que minha vida era super digna de ser respeitada, eu estudava muito! Oh, que doce ilusão. E agora, que além de estudar, tenho que trabalhar, ir aos eventos do trabalho, cultivar minha vida social (composta de vários grupos de pessoas diferentes), achar um tempo pra cuidar de mim, um tempo pra ler, outro pra ver os filmes que gosto, ir pra faculdade, escrever no blog, parar tudo isso e respirar fundo, pra comecar de novo.. E ainda tem o trânsito. O querido e barulhento, de todos os dias, segunda a segunda. Os mal educados, os mal amados, os perigosos, os mal encarados.
A vida movimentada, como o trânsito das seis da noite, é assustadora, irritante, mas me faz falta, quando ausente. Já não me acostumo com a calmaria, isso aqui que agora vivo é o que eu estou aprendendo a chamar de casa, uma nova casa, adaptada, reformulada, criada e cultivada por mim mesma, do meu jeito. E por isso que em tão pouco tempo, tudo aqui já me faz falta.
Nada melhor do que o meu quarto e a paz de poder dormir sem ninguém pra me acordar. E aproveito isso com um sorriso no rosto, porque não sei até quando vai ser assim.
Aliás, nesse momento tenho sono, mas amanhã de manhã terei um dos meus momentos de descanso fracionado, e por isso estou aqui. Pra reportar, escrever, e não esquecer do que estou sentindo nessa fase, louca e adaptativa, da minha vida.
Estou me adaptando. Sim. Aos novos amigos, aos velhos novos amigos, aos velhos amigos que estão longe. Estou aceitando que os velhos sempre vão ser os velhos, que nada vai mudar no sentimento, mas que nem sempre dá pra ser tudo igual no dia-a-dia. E entendendo que os novos, não importa o tempo, podem se tornar tão importantes quanto os velhos, sem substituí-los..
Díficil é fazer com que os velhos entendam isso. Ah, um sábio amigo me disse uma vez: amizades são somadas, nunca divididas. Que bela frase e que lição ele me deu.
No auge dos meus medos, do meu egoísmo, da minha postura titubeante face ao novo, ele me dá um banho de água fria. E assim eu pude entrar, de certa forma, limpa. Não totalmente limpa, mas pelo menos, mais consciente. Porque eu já tinha me jogado uma vez, mas não tinha sido uma experiência tão boa.. Tanto que, dentre os amigos, poucos são velhos novos. Ou são velhos, ou são novos. Dessa fase intermediária, permanecem uns poucos, alguns necessários, extremamente necessários, outro apenas suficientes, no tempo que lhes cabe ou que lhes coube. Talvez não caiba mais.
Agora acho que vou dormir. Os pensamentos são muitos, se eu permanecesse aqui, escrevendo, de sono e saudade o assunto iria a outros e diversos carnavais.
Talvez o próximo título seja esse, carnavais. Ou então eu pule pro café, que também é um querido e muito velho amigo.
Até a próxima.

7 de jun. de 2009

Escrever

Escrevo porque nem sempre falo. Algumas vezes não há quem possa ouvir.
Escrevo pra não esquecer do que pensei, quando não pude compartilhar com alguém o sentimento e o pensamento que me agoniavam.
Escrevo pra falar aos que desconheço, na esperança de encontrar um similar entre os diferentes.
Escrevo pra não calar, porque se não posso falar, pelo menos escrevendo posso, ainda que só pra mim.
Escrevo pra me convencer, quando a dúvida me atormenta, e o medo me consome.
Escrevo pra esquecer, porque assim posso tirar da memória um pedaço da minha pequena história.
Escrevo pra gritar, porque as palavras gritam quando lidas com fervor.
Escrevo pra eternizar um pouco do que sou, quem sabe um dia, aos que virão, isso tenha algum significado..
Escrevo pra que saibam que penso, mesmo que não concordem ou aceitem o que se passa na minha cabeça.
Escrevo pros que não gostam de mim, pra que vejam que não me importo, e que continuo a viver mesmo assim.
Escrevo para parar o tempo, porque tudo anda tão corrido, que é bom respirar e descansar.
Escrevo como uma forma de esquecer do que passou, do que ainda não passou, do que vai passar..
Escrevo porque assim posso controlar o tempo, o tema, a cor, a história.
Escrevo pra não deixar que morra o meu desejo por coisas que ainda não vi.
Escrevo pra que permaneca viva a lembrança do que já vi.

Escrevo, porque as palavras são, pra mim, terapia, conforto, consolo, esquecimento, lembrança, contradição, perturbação, contestação, sossego..

2 de jun. de 2009

Qual a cor do século XXII?

Eu poderia perguntar, além do sabor e da cor, outras sensações. O cheiro, o som.
Mas o que isso significa?
O que eu quero dizer?
Ainda quero esperar mais um pouco antes de responder.
O que essas sensações trazem, lembram, significam?

1 de jun. de 2009

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