23 de nov. de 2010

"Amigos eu ganhei, saudades eu senti, partindo.."

Já são 7:34 quando eu começo a escrever este texto. E eu acordei, depois de 4 horas de sono, achando que estava atrasada pra aula. Ainda não, naquele momento, mas então aconteceu algo que vai me fazer chegar um pouco depois da hora. Mas um daqueles momentos de surpresa, especiais, que valem a pena o atraso, pra sentar, escrever e pensar.
Pois então. Hoje, dia 23 de novembro de 2010, faz um ano e alguns dias que eu embarquei pra uma viagem inesquecível. Fui trabalhar na Disney com mil expectativas, mas nenhuma delas consegue traduzir o presente que eu ganhei. É bem maior do que eu imaginava..
Eu viajei esperando mil coisas, intraduzíveis, coisas que só quem vai e passa um ano inteiro esperando por isso podem dizer. E, no meu caso, esperei mais do que um ano. Mas na vida real as expectativas, quando criadas, costumam ser frustradas.
Pois, hoje de manhã eu consegui ter uma visão clara do que significou o meu ICP pra mim.. eu entrei em uma fase de construção, transformação, amadurecimento, é como se eu tivesse estado dentro de uma sala, obrigada a rever meus defeitos mais insuportáveis, e todos os mais admiráveis, também (que normalmente nem eu sabia que existia). Só que com um detalhe: EU NÃO ESTAVA SOZINHA.
Entraram nessa sala, junto comigo, os maiores presentes que eu jamais poderia ter imaginado ganhar: os amigos! Ah, os amigos. Hoje, mais do que nunca, tive uma revelação que misturava saudades do que passou com previsões do futuro, junto com medo, angústia, alegria, tristeza. Sim, porque eu dei por mim, e percebi que ganhei amigos pra vida inteira. Mas isso eu já sabia. O que eu não sabia e não tinha percebido era que, em 2 meses e meio de viagem, eu fiz parte de uma coisa maior, junto com vocês. O ICP pra mim significou uma lição de vida, que me ensinou que você pode encontrar seus amigos mesmo nos lugares onde você não esperava. E que eles podem ser pessoas muito diferentes de você. Tímidos, inteligentes, extremamente estudiosos, esforçados, chatos, egoístas, tenderem a mandar, folgados, brincalhões (até o ponto de lhe irritar, e muito), falantes, calados, amantes de teatro, amantes dos estudos de fisiologia, admiradores dos estudos psicológicos, futuros executivos, futuros internacionalistas, futuros grandes criadores, futuros grandes médicos, futuros grandes advogados! Meu Deus, eu ganhei tantos presentes, de tão diversas cores, e como foi especial! Acho que estou com minha aposentadoria garantida, bem como meus direitos, e em caso de necessidade nutricional, ou aconselhamento, ou uma mente criativa.. hahahaha
Hoje eu entendi. Me veio uma enxurrada de pensamentos, e eu entendi TUDO. Vocês foram anjos, que eu vou ter pra sempre na minha vida, não importa distância, tempo, nada. Vocês são irmãos. Por mais tempo que passe, quando eu vejo vocês parece que nós nos despedimos ontem. A intimidade, o carinho, o AMOR. Na forma mais profunda, e tendo passado por situações tão extremas, mas tão extremas, que só quem já viveu um longo período de convivência + pessoas de personaligade forte pode imaginar. E o amor passou 2 meses sendo plantado. O carinho, a saudade, a consideração. Foi nisso que se resumiu a minha viagem. Cultivar vocês delicadamente, tão delicadamente que foi necessário atenção quase exclusiva, e eu me voltei pra vocês, talvez mais do que vocês imaginem. Eu me entreguei de coração à essa amizade, vivi com vocês e na maior parte do tempo para vocês. Antes, ontem, talvez, eu me recriminei por tanta entrega. Mas hoje eu realizei que foi nada mais do que justo. Era o meu momento, o meu jeito de viver essa amizade, e eu sei que os frutos que eu colherei dela vão durar muito tempo, ainda. Quem sabe, velhinhos, nós ainda sentemos na beira da piscina, aonde quer que seja, pra lembrar as brigas, os momentos sem fazer nada que eram preciosíssimos, as reuniões em casa, as confidências, aquela sensação lá no fundo que diz que você está em casa..
Porque eu estou em casa com vocês (e com algumas eu estive literalmente, né roomies? hehe). Vocês são agora um pedaço da minha casa, que eu levo comigo aonde eu for! Uma bagagem que não pesa, não ocupa espaço, ninguém vê. SÓ EU. Eu sinto, sinto, sinto. Lá dentro! E meu cérebro me ajuda, guarda as imagens, as cores, as sensações, as músicas. E o meu coração diz: são amigos de verdade.
Pode parecer drama, a alguém que lê e não viveu. Me desculpe, mas eu não me importo. Espero que você possa, leitor, ter pelo menos uma vez na vida uma experiência que lhe dê como resultado amigos tão ímpares e verdadeiros.
E porque eu escrevi isso, hoje? Porque eu acordei, e ainda com o olho inchado fui na cozinha. Embaixo da porta, uma carta. O remetente? Angelus Maia. O que tinha dentro? Duas fotos da gente, nesse momento lindo que a gente viveu. E um desejo de boa viagem, que eu sei que não poderia ser mais sincero.
Boa viagem? É, daqui a 4 dias eu embarco de novo nessa aventura. Vou de novo pro mesmo lugar, mas sei que não estarei acompanhada dos amigos de outrora. E, sinceramente, por tudo que eu já vivi naquele lugar, que é lindo, lindo, mágico (de vez em quando), e tão aconchegante, eu só espero uma coisa: que eu possa encontrar pelo menos um amigo, digno de sentar em uma cadeira ao lado dos que eu fiz no ano passado.
Nunca serão iguais, porque depois de ter vivido tudo que eu vivi, eu já não sou a mesma, mas que consigam ser especiais, nesse meu momento de hoje, como vocês foram um dia. Sim, como vocês foram os amigos certos na hora certa, e continuam sendo os amigos certos. Porque quando a amizade é sincera e de coração, toda hora é hora.
E sabe o que é mais especial? Mais engraçado? As amizades continuam sendo feitas, construídas, lapidadas. Os amigos que eu não imaginava, alguns que eu esperava, tantos amigos, eu continuei tendo e criando laços mesmo quando voltei.
Obrigada a todos vocês, em todos os níveis, pela marca que deixaram, e que continuam deixando. Eu viajo com lembranças boas, e elas vão permanecer guardadas, passe o tempo, as horas, os dias, meses, até o fim de tudo.


AMO VOCÊS, AMIGOS ICPS 2009/2010 e MORRO DE SAUDADES.

Camilla Borges (L)

7 de nov. de 2010

Longe

"Sinceramente, é mais difícil do que eu pensava. Pensar nos meus dias sem você, e sem a possibilidade de você. Agora eu vejo como saber que você tava lá me fazia bem, e me confortava. Do nosso jeito, doido e sem sentido, sua presença ausente me acariciava. Era doce, derretia nos lábios.. Sua ausência é amarga. Imaginar que a ausência é um sinal de que nada mais existe. E poderia ter existido.. a minha tristeza é maior pelo que seria, pelo que viria. E pela incerteza. Incerteza. E a dúvida não é se você sente, porque eu sei que sente. A dúvida é se algum dia sentiremos a mesma coisa, ao mesmo tempo, e juntos. Será? Eu não tenho como saber. Nem você. Pode ser que amanhã tudo seja nada. Mas esse amanhã ainda se delineia no horizonte, me parece infinito, não vou alcançar.. E enquanto isso, o que fazer? Incerto, o meu sentimento? Não. Incerto, sim, o que fazer com ele! Me diga, o que eu faço? Se fosse simples, se fosse fácil, eu abria o porão, e jogava lá dentro. Trancava a porta, tirava a fechadura e não abria nunca mais. Mas mesmo que eu fizesse isso.. ainda ia estar lá. Será que tem um jeito de apagar? Não tem. O sobrenatural não se encaixa. Nada se encaixa entre eu e você. Só a gente sabe como fazer isso. Mas incrivelmente, muitas coisas se metem no caminho. E você agora voa longe.. eu não sou mais um jardim que você vá pousar. Como a saudade é salgada, como a tristeza é.. seca. Olho pro céu e não te vejo.. Fico projetando um futuro que não vai ser. Uma alternativa que não cabe. E o que me cabe?"

Beatrice Cartiller.

26 de out. de 2010

O grito

"A dor é tão forte que nem o grito resolve. Ou resolve? A minha vontade é correr, pisar no acelerador e correr. A tantos quilômetros quanto o meu pé conseguisse pisar, e o carro conseguisse alcançar. E nesse tempo, chorar. Por dentro, e que a dor de dentro fosse pra fora. E fosse embora, junto da velocidade, os pneus deixando os rastros do meu sentimento. E que quando eu freasse, não existisse nada, além de anestesia. Ausência de tudo.
Você me libertou, mesmo não querendo que eu fosse embora. Mas sabendo que não tinha outra saída.. e eu tenho que ir, porque a porta ta fechada pra voltar..
Como eu faço pra controlar? Tudo o que tava apertado, e explodiu de uma vez? Como eu faço pra controlar? A minha vontade de gritar?
Quero correr pro mar.. e gritar. Deitar na areia. Sem pensar. Colocar pra fora..
A tristeza não cabe em mim. Não imaginei que fosse tanto.
Escuto as músicas e lembro. Leoni é minha voz: "A gente é maior do que qualquer razão". Era o que eu queria que acontecesse. Que a gente pudesse passar por cima dela. Como um bicho de pelúcia incômodo. A maldita razão.
Queria pular numa piscina bem gelada, e sentir tudo congelar. Meus sentidos, minhas reações, os sons, sabores. Queria que as imagens parassem de passar na cabeça.. Que o frio parasse tudo. Só sentir meu coração batendo. Pra me lembrar que eu estou viva, e que ele não vai parar de bater. Não vai me abandonar.. A única ausência que eu não quero agora, é a de batimentos.
Me incomoda, mas prefiro sentir a não ter a chance de saber a sensação. Achei que pudesse viver sem saber.. mas saber é poder. Agora eu posso.. entender. Agora eu posso.. tentar entender.
Mas sempre, enquanto eu sorrir e meu coração bater, eu posso sempre, aprender.
E o grito que eu calei, o grito que me fez pisar no acelerador, o grito que me fez chorar e não conseguir enxergar. Chorei e parei de ver. Vi uma cortina de água nos meus olhos.. Como é bom poder viver. Sentir vida. Mesmo querendo que ela parasse, que tudo parasse, eu sinto as batidas e vejo que nada vai parar..
Eu vou gritar. Hoje, amanhã, depois de amanhã. E depois, vou parar de gritar.
As lembranças vão descongelar. E os sentidos.. também. Então, não grito mais, mas sentir, vou sentir, sempre.
E depois, por algum outro motivo, vou gritar. De susto, medo, ansiedade, saudade. De você, de outro alguém, de você, de outro alguém. Quem vai saber? Como eu vou saber? Não vou esquecer.. e vou sempre gritar. Até quando, por você?
Ouça, você vai saber."

Beatrice Cartiller

Leoni- Quem, além de você?

16 de out. de 2010

Sobre o controle e o silêncio

As pessoas que costumam ler o que eu escrevo, acham que eu sempre sei do que estou falando. Decepcionantemente, digo que não. As palavras têm um poder que vai além do meu. Saem através das minhas mãos e trilham caminhos que eu desconheço. Falam por si mesmas, a quem quiser ouvi-las. E sempre falam alguma coisa diferente, a depender de quem escuta..
Acho que é isso que torna a leitura, e a escrita, tão especiais. Primeiro, porque quem escreve nem sempre escolhe sobre o que falar, e como falar. Segundo, porque quem lê nem sempre escolhe o que gosta de ler e o que sente quando o faz.
Eu gosto de leituras que me transportem. Me desafiaem. Me façam sentir. E eu sinto coisas.. sensações, sem nome. Um vento frio na espinha. Uma ideia fixa de conhecer os personagens. De estar entre eles. Uma identificação. Um sonho compartilhado. Um sentimento calado que grita através do livro. Uma admiração.
Hoje a minha sensação vem de uma frase. "Há uma grande diferença entre estar quieto e não fazer nada." A nossa vida e nossa sociedade estão tão acostumados a fazer muita coisa sempre, que a atitude de não fazer nada é vista como preguiçosa, ociosa. De certa forma, eu sempre me senti deslocada desse comportamento. E sei que vou continuar me sentindo assim. Porque a quietude, pra mim, fala. Fala mais do que uma lista completa de músicas do meu cantor preferido. Eu não tenho cantor preferido. Eu tenho sensações preferidas, momentos preferidos, e tenho músicas que intensificam esse ou aquele sentimento, que trazem alguma lembrança. Que me transportam, me incomodam, me machucam, me acalmam. Mas o meu silêncio e a minha quietude, são meus. Nem música, nem pessoas, nem sons, nem qualquer fator externo. Vem de mim e canta nos meus ouvidos, só eu consigo escutar.
Nem todo ócio é improdutivo. Sabe aquelas pessoas que ficam agoniadas quando não estão fazendo alguma coisa? Você não é sempre assim, às vezes você fica assim por algum motivo. Eu já estive assim. Mas preste atenção. Sempre tem alguma coisa que nos incomoda tanto, que é melhor fazer algo para que esse incômodo não venha ainda maior. Porque no silêncio, qualquer barulho amplifica-se. Do alentador ao inquietante. Todos são potencialmente ensurdecedores..
E controlar-se, a si e as reações que se tem, é desafiador. Eu acredito que um dos maiores medos do homem é exatamente assumir que não tem o controle. E por isso busca-se o tempo todo situações em que esse controle esteja sob sua tutela, sob a tutela humana. Mas as mais valiosas virtudes só podem ser alcançadas enfrentando-se o medo, e perdendo-se o controle. Pro bem ou pro mal, a perca do controle traz uma fase e um nível de introspecção que não existiriam de outra forma. A natureza é incontrolável. O amor é incontrolável. A dor é incontrolável. Tudo que realmente é grande, forte, independente da sua beleza, é incontrolável. A contestação do belo é tão relativa que não deve ser discutida. Apenas respeitada. Mas o controle, a atenção que se dá, ou melhor, a desatenção, disso eu posso falar.
Porque o meu silêncio é um exercício constante de controle. Controle do que eu sinto, do que eu falo, mesmo calada, e do que meu corpo quer falar. Todo nosso corpo e nossas sensações precisam ser controladas. Toda ausência de atitude pode ter um significado. E o nada é apenas um deles. Em alguns momentos, o nada é bem-vindo. Porque ele traz a sensação de estar numa praia deserta, sem vento. Com um mar sem ondas. Sozinho. Sem interferências. E esse universo paralelo é onde eu posso me ver.. pelo reflexo do mar. Onde podemos nos ver..
Mas na maior parte do tempo, os outros significados.. são.. seus, meus. Não preciso lhe dizer o que significam pra mim. Nem preciso saber o que significam pra você. É suficiente que saibamos que, todos, temos. Segredos, silêncios, medos, guardados. A liberdade de fazê-lo. A chance de conhecê-los..

31 de jul. de 2010

Uma visita surpresa

"Hoje não tenho mais saudade. Dele, nem de você, nem daquele outro.
Arrumei a casa, reformei, pintei. Não me fazem falta as paredes velhas. Nem os velhos retratos.
São apenas boas lembranças de um tempo que foi e não volta.
Sinto, sim, carinho, saudade, sorrio, choro. Mas não escolheria mais voltar. Não existe mais nada no meu passado que eu queira voltar pra corrigir.
Achei uma alternativa mais fácil, e também mais divertida! Posso corrigir hoje, amanhã, depois de amanhã, até quando houverem amanhãs. O futuro é meu.
Não sei se terei tempo de fazer tudo o que deixei de fazer, ou de corrigir os erros e fazer diferente. Mas, quem se importa? Que seja feito o que tem que ser feito.
Errei, aprendi. Não erro duas vezes. Mas, ainda sou tão aprendiz.. Serei eternamente.
A cada página em que eu escrevo: vim, vi, venci; tem outra em branco, logo em seguida.
E a melhor parte é saber que as que eu escrevi, sabe onde estão? Sempre comigo! Coladas nas velhas paredes que eu arranquei.
Mas como, se eu joguei tudo fora? Joguei fora porque nem sempre matéria e essência precisam estar juntas. Pode ser que alguns tenham ficado por jogar, mas não tem problema..
O caminhão de lixo sempre vem amanhã. É um bem público, imbutido na taxa que a gente paga todo mês pro governo.
A minha vontade é sorrir! A casa nova é cheirosa. Gosto dela. Decorei com cuidado. Ainda faltam alguns móveis. E sempre vai ter espaço pra souvenirs, e presentes que eu trouxer de algum lugar que eu tenha ido.. Vou pra onde a vida quiser que eu vá. E caso eu queira ir.
Em alguns casos, vou sozinha, dormindo, sonhando. Em outros, pisarei na areia e sentirei os pés queimando. Olharei pro céu e sorrirei da chuva. Sentirei uma paz enorme só por sentir, como agora. Fecharei os olhos pra lembrar daquele momento pra sempre, pelo cheiro, pelo som.
Mas sempre com o coração..
E o medo? Sempre vem. Mas ele só entra quando eu abro a porta. Que ele se disfarce de convidado, se quiser! Pode tentar! Pode ousar! Por mais que demore, vou descobrir suas intenções..
E não há nada, nada, nada mais forte do que um bem estar e um sorriso que venham de dentro. Encontre isso você também, e seja a pessoa mais forte do mundo. Depois venha me visitar.
Beijos carinhosos."

Beatrice Cartiller

O século das cores


Liguei a música, hoje é Roberto Carlos. Aconselho ouvirem Todos Estão Surdos enquanto estão lendo..
Cada um precisa de uma inspiração pra escrever, essa é uma das minhas. Eu já lembro de ter dito, quase sempre começo a escrever sem saber sobre o que falar.. Deixo fluir. Que assim seja..
Acabou de me vir na cabeça que há um tempo eu escrevi aqui duas perguntas: Qual a cor do século XXI? E qual o sabor do século XXI?
Pois, vou tentar agora explicar o motivo. Eu sou muito sensitiva. Então, enxergo grande parte das coisas através do que elas me fazem sentir. Uma imagem, um som, um sabor, um cheiro, um toque.. Cada um dos sentidos, juntos e separados, me proporcionam diferentes experiências e modos de enxergar as situações que eu vi. E, acredito, eu não estou sozinha. Muitos devem ser os como eu, em maior ou menor intensidade. Já dizia Kant que nada é real, tudo deriva da forma como a gente percebe. Mais uma vez, que assim seja..
E, então, porque eu perguntei? Eu tive um professor que vivia dizendo que, mais importante do que a resposta, é saber fazer as perguntas. Nem sempre são as respostas que fazem a diferença..
A minha intenção não é achar uma única. Nesse caso, eu só quero pensar nas alternativas, e que cada um escolha a que lhe convir. Talvez, nem isso. Se eu conseguisse só deixar claro quantas e tão diversas elas são, estaria satisfeita.
A geração em que eu vivo, em que nós vivemos, é uma mistura. Mas é tanto, que eu não posso deixar de evitar pensar nas diferenças, nem de reparar nelas. Os valores, os amores, os desejos, os medos, os perdões, as ambições, as cobiças, as invejas, as amizades, os pais, os irmãos, as religiões, as culturas. Tudo misturado. Esse poderia ser o século das cores. Porque, de tão diferentes, elas servem como metáfora pras pessoas. Não tem como escolher uma só. Ninguém vive num mundo preto e branco. Nada é preto.. No mais, preto e branco já são duas cores. Impossível usar uma só. Do mesmo contraste, ou da necessidade dele, surge o contraste entre as pessoas. Aquele, aliás, TODOS, são necessários.
O que eu acho mais legal, de toda essa mistura, é que a gente pode conhecer várias cores e escolher nossa preferida. Claro, falo daqueles que possuem essa liberdade. Na prática, são tão poucos. Engraçado, porque deveriam ser muitos. No século passado, tantos morreram lutando por isso. Pra que o azul pudesse ser azul, e não atrapalhasse o verde. Não somos crianças brincando de colorir na escola. Na vida real, a escolha das cores é um pouco menos nítida.
Mas, ora, porque não podemos ser crianças? A inocência, talvez, não possa ser recuperada. A teimosia, o egocentrismo, também não. Mas a essência, aquela que a gente vê nos olhos, porque não?
Estamos, ainda, no começo. Faltam mais 90 anos de história pra terminar o que a minha geração está começando. Eu tenho curiosidade de ver como tudo vai estar, no final deste XXI. Aí sim, poder-se-á dizer a cor. E o sabor. Qual serão?
De quantas cores estaremos falando? Muitas? Poucas? Será que, a todos, será dado o direito de escolher? Eu não devo ser a única a pensar: e quantos vão morrer lutando por este direito? E quantos também vão morrer sem dar a menor importância ou atenção a essa luta? Mas, que luta? São tantas cores, que não se vê mais, estão misturadas!
Afinal, o que é melhor? Que sejam misturadas? Porque assim são menos diferentes?
Ou que sejam separadas, porque assim, cada diferença é respeitada?
A humanidade, como vai estar, pois? Colorida, ou unicolor? E qual vai ser a cor do arco-íris?
O céu, ainda vai ser azul? E as pessoas? Ainda vão se amar? Ainda vão se importar? Ainda vão.. se respeitar?
Muitas perguntas? Talvez eu esteja incomodando a sua comodidade.
Eu estou escrevendo no primeiro um décimo de século. E, se hoje eu pudesse desejar alguma coisa pros outros nove décimos que se seguem, seria que as perguntas não morressem.
As respostas talvez estejam sobrando.

 

10 de mai. de 2010

A história da borboleta

Resolvi começar a semana escrevendo. Cheia de coisas pra estudar, com pouco tempo, e com vontade quase nenhuma de fazê-lo, escrever me leva pra uma dimensão diferente por um (breve) espaço de tempo.
Enfim. Um amigo-leitor me disse ontem que a sensação que ele tinha é de que eu estou revoltada. Que essa é a impressão que meus escritos vem passando. Comecei a pensar sobre esse comentário, mas não foi difícil encontrar uma explicação pro que vem acontecendo. Eu considero que, ao longo da minha vida, eu sempre fui uma pessoa com experiências diferenciadas, e com uma audição que me fez adquirir experiência das vivências alheias. Eu sempre passei confiança para as pessoas, e acabei me tornando confidente temporária de muitos que não tinham quem os ouvisse. Sendo assim, aprendi dobrado. Por mim, e por outros. Dessa forma, minha cabeça sempre foi consideravelmente ausente de preconceitos, até onde o meio externo e o determinismo que ele causava em mim permitiam que eu fosse. Ouvi traições, medo, sexo, falsidade, inveja, ambição, excesso de poder, desde pequena. Não somente por ter sido criada em um ambiente onde meus pais conversavam comigo sobre as notícias dos jornais, como também por ter sido criada entre empregados que tinham seus próprios problemas. E, ainda por cima, por ter tido a chance de ver e viver duas realidades completamente diferentes: estudei numa escola de classe média alta, e em casa convivia uma parte considerável do meu tempo entre pessoas da classe baixa, já que meus pais passavam a maior parte do tempo trabalhando. A presença dos meus pais foi pontual, mas me deu uma perspectiva de vida que eu agradeço sempre que tenho a oportunidade. Eles me ensinaram mais com o exemplo do que qualquer educação rígida pode ensinar. Proporcionaram um ambiente tranquilo onde eu podia e tinha a possibilidade de adquirir conhecimento, e desde pequena era presenteada com um equilíbrio proporcional entre livros e brinquedos. Não tendo sido privada de enxergar a realidade, como a maioria das crianças é, eu adquiri uma maturidade relativamente precoce. Nunca tive maiores problemas em conversar com pessoas mais velhas, e sempre apreciei o tom nostálgico e educador com que contam o que viveram, viram, ouviram. Num aspecto global, isso me proporcionou uma visão diferenciada. Sendo assim, muito nova eu aprendi que a primeira impressão nem sempre é a verdadeira, que existem certas verdades que mesmo que sejam desagradáveis, são incontestáveis, que a realidade fala por si, que todos erram, mesmo aqueles que julgam o mesmo erro em outrem. E ao longo da minha vida tudo isso foi sendo reiterado pelas confidências que eu ouvia, pelas cenas que eu presenciava e guardava na memória, pelos momentos em que eu parava pra refletir sobre, pelos filmes que eu vi, pelo que eu vivi. Por algum tempo, me incomodei com essa diferença. Demorou pra que eu entendesse que essa minha essência é o que eu tenho de mais valioso, porque me permite apreciar o convívio das pessoas mais diversas, saber enxergar nelas o que elas tem de bom, não esperar delas mais do que elas tem a oferecer. E também a analisar os fatos sob uma perspectiva mais racional e pragmática do que a maioria das pessoas. Demorei a entender que uma desgraça que choca muitos nem sempre vai me impressionar, mas que um mendigo na rua vai ser sempre um motivo de aperto no meu coração. Demorei a entender que o que me toca é a essência profunda e verdadeira da raça humana, que é apreendida muitas vezes numa atitude pequena, e que as grandes atitudes são apenas o meio pra chocar as pessoas, quando elas não enxergam os detalhes. Nunca me impressionei demais com catástrofes, porque elas atingem em grandes proporções, apenas, o que acontece o tempo todo. E como eu sempre fui mais sensível aquilo que me é acessível, sofro mais com um depoimento de uma criança orfã do que com uma chuva que mata 100. Porque a chuva que mata 100, que o jornal anuncia, passa de quando em vez uma ou outra família, e as pessoas se comovem enquanto as famílias estão na TV. E depois esquecem. Se for pra ter uma preocupação egoísta e hipócrita que dura 5 minutos, eu me privo de fazê-lo. Até porque em certos momentos a angústia que me invade é tão grande que eu me vejo sem chão, me sinto impotente e prefiro não deixar que cada evento degradante do dia a dia me leve a essa condição. Não sobraria espaço para eu ser algo além, que possa de alguma forma contribuir. Por isso, sempre fui consideravelmente alheia, pelo menos enquanto não há nada que eu possa fazer. Nada grande, sabe? Enfim, mas não era esse o objetivo desse texto.
Eu quero explicar porque essa revolta aparente. Não necessariamente explicar pra você, que me lê. Pode ser que eu apenas lhe dê mais uma impressão, e não uma explicação. Mas as coisas que fazem sentido pra mim nem sempre vão fazer pra você. Continuando, desde pequena eu fui meio anormal, por reparar demais, sentir demais, me importar demais, me incomodar demais, ser madura demais, saber demais sobre os outros, me dedicar e me comprometer demais. Tive atitudes de gente grande desde muito nova. Isso tem seu lado ruim, e ele não é pequeno. Um dos componentes disso é o meu senso de responsabilidade. Desde pequena, o certo sempre foi pra mim o único caminho a se seguir. E como eu precocemente sabia o que era certo, precocentemente eu me sentia obrigada a fazê-lo. Não furar aula, não tirar nota ruim, não desobedecer meus pais, não ser chamada a atenção, ser aluna modelo, ser pessoa modelo, ser amiga modelo, ser filha modelo. Às vezes isso me sufocava tanto que o que me restava era recorrer ao meio de fuga. A minha fuga foram os estudos. Ainda bem, eu canalizei pra uma atividade que me acrescentou, e por isso, somente por isso, eu hoje não sou reprimida ou angustiada com meu passado. Porque hoje colho os frutos dessa dedicação de uma vida inteira. Mas eu não colho somente os frutos bons. Uma árvore, por mais produtiva que seja, precisa ser podada e que se retire dela as partes danosas. Pois, assim seja. Há, decerto, ervas daninhas que ficaram desse meu passado. E quais foram? Eu sempre tive uma visão romântica, ideal, modelo, perfeita da vida. É mais ou menos como se eu tivesse crescido imaginando que as coisas deviam acontecer de forma meio "taylorista": havia somente uma única maneira certa de fazê-las. Privei-me a certo ponto dos erros, e me abstive de cometê-los, que me tornei uma desconhecedora da possibilidade de aprendizado que eles proporcionam. Cresci e me tornei uma corajosa em terreno conhecido, mas uma medrosa em terras desconhecidas. Elas me assustavam e me encantavam. Algumas vezes, tentei ir ao seu encontro, mas cirscuntâncias mil me impediram. Proteção, amor, medo, responsabilidade, vigília. Assim surgiu a borboleta que ficava presa pela ausência de liberdade que se lhe impôs, tanto a sociedade e o seu passado, quanto ela mesma pelos seus medos. A borboleta que sabia como ninguém que haviam várias correntes de ar onde poderia voar, como elas seriam, onde encontrá-las. Mas que tinha medo de descobrir onde elas iriam levar, ou de enfrentar o que fosse preciso pra ir em busca dessa descoberta. E por muito tempo, assim o foi. Uma possibilidade, apenas. Há pouco tempo, resolveu primeiro assumir que era, de fato, uma borboleta. E isso eu concretizei quando a tatuei nas minhas costas. Um pouco antes disso, e a partir de então, resolvi tentar sair da jaula. Mas, como toda mudança é lenta e gradual, é preciso primeiro sair pra passear, dar uma volta de reconhecimento. Pois, pra quem viveu muito tempo em determinado ambiente, mudar de ares é um desafio. E requer esforço contínuo, determinação, dedicação. Porque as amarras já não existem mais. Se antes haviam impedimentos à sua liberdade de voar, que além disso eram também desculpas, hoje não existem mais. De forma que, caso a borboleta abstenha-se desse alçar voo, não há a quem atribuir a responsabilidade. Isso torna essa atitude ainda mais importante. Por isso, e especialmente por isso, não há como ser ao mesmo tempo uma possibilidade e uma realidade. Ou seja, eu não posso ser ao mesmo tempo aquela que fala e aquela que faz. Por isso soa revoltante. Soa revoltante porque eu decidi me dedicar a descobrir o que eu não conheço. Ninguém pode ao mesmo tempo conhecer e desconhecer algo. Conhecer, por um lado, é cômodo, seguro, confortante. Desconhecer é incômodo, desafiador, inquietante, empolgante, amedrontador. Os sentimentos envolvidos na ausência são mais inconstantes, mais tumultuados. E isso requer uma descarga de energia. Até porque, a fragilidade e a fraqueza humana implicam recaídas e recomeços. Não posso soar calma e introspectiva quando a minha vida caminha para um patamar diferente. Eu não sei o fim, nunca soube. Mas agora eu admito que não sei, e entendi que a importância maior deve ser dada aos meios. Os fins são uma consequência dele. Claro, delineei possibilidades que me agradariam. A, B, C ou D. A e B eu sei exatamente como são, mas de C e D eu tenho apenas ideias. Porque decidi que a certeza constante é excessivamente calma e arredia. E a minha paz de espírito não se encontra mais nessa calma. Mas nem ela sabe ainda disso. A aventura me convida pra um passeio, e agora eu não enxergo dentro de casa tudo o que eu acreditava ter. Mas, como a realidade é sempre relativa, em alguns momentos eu volto a enxergar como antes. Mas não quero, porque sei que é uma visão limitada e iludida. Pois bem, digo agora o que Marx disse. A mudança surge da revolta. Só a revolta e uma possibilidade que deu errado é que são motores de uma mudança verdadeira e vinda de dentro pra fora. Aparentemente, descobri como um dado os erros e acertos do meu caminho até então. Quero guardar os acertos, e buscar novos erros. Porque o aprendizado é um vento que leva além.

7 de mai. de 2010

Sobre como saber o que esperar muda a perspectiva

Finalmente encontrei um tema legal pra desenvolver. Vinha procurando há um tempo. Ontem passei a noite conversando com uma amiga, e ela estava online no msn dela. Durante a conversa, um ex-paquera com quem ela vem conversando veio falar com ela, e disse algumas verdades que eu percebi que incomodaram um pouco. Mas incomodariam a qualquer mulher. Eu acompanhei o "relacionamento" que eles tiveram, que foi bem curto e espaçado, porque ele mora em outra cidade. Eu lembro que ela me dizia que ele era o homem perfeito, inteligente, interessante, bonito, maduro, e etc. Mas, engraçado, ele sempre queria terminar a noite com ela você-sabe-onde. Mas ela não cedeu, e aparentemente isso foi um dos motivos do fim da história, porque ele sumiu em seguida. Mas, então, depois de um tempo, ele apareceu se explicando e ela acreditou. Conversa furada de homem cara de pau. Passaram um tempo sem se falar, e voltaram a se falar recentemente. Ele sempre dando encima dela, soltando diretas e indiretas, e ela sempre jogando com ele. Posso afirmar que essa minha amiga sempre foi meio independente, mas insistia em se meter em relacionamentos que nem ela queria. Agora, ela está mais realista, e me disse que não quer se envolver sério com ninguém, e que inclusive prefere que isso não aconteça num futuro próximo. Pois bem. Ela se relacionou com ele um pouco mais nova e ingênua, esperando que ele fosse o homem da vida dela. Hoje, ela me disse que sabe que talvez nem exista esse homem,e que se existir, ele não apareceu ainda. E esse ex-paquera não representa nada senão um homem bonito, interessante, atraente e charmoso, que pode ou não servir como uma companhia de alguns momentos, de acordo com a vontade de ambos. Na verdade, é o que os homens deveriam representar sempre pra gente. Porque é assim que as coisas são. Se tiver que haver algo além disso, com certeza não vai ser porque você esperou que houvesse, ou muito menos porque você disse no primeiro encontro que quer ter 3 filhos. É uma coisa NATURAL. Sabe o que ele disse pra ela ontem? "Eu não presto pra você, sou safado, infiel, cafajeste, mulherengo.. do pior tipo. Incorrigível.". Mas continuou dando encima dela e chamando ela pra sair. E dizendo que eles ainda iam sair de novo. Veja bem, eu sou mulher. Enquete rápida:
A maioria das mulheres escuta isso e pensa: a) não quero sair com um homem assim, b) eu posso fazer ele se apaixonar por mim, c) o que eu tenho a perder?, ou d) ótimo, com as intenções bem definidas ninguém se envolve. Posso garantir que 85% oscila entre a ou b. As que pensam a, são as que querem um relacionamento sério, casamento, um homem "fiel", do jeito que a Igreja prega, e não admitem esse "tipo de personalidade". A maioria acaba casando com um homem igual ou pior do que isso, porque são tão idealistas e cegas que nem percebem que é impossível achar um homem perfeito e que o que tá do lado delas é um exemplo claro de a-perfeição. As que pensam b, são do tipo dependentes emocionais, carentes, inseguras, sonhadoras, românticas. E eu nem preciso falar, que entrar num relacionamento desse tipo achando que vai mudar a opinião dele é uma furada. Garantia de sofrimento em menos de 1 ano. Algumas, corajosas e destemidas, pensam na letra c, e veem no que essa história pode dar, sem esperar muita coisa. E as do tipo d, são as mulheres-com-pensamento-de-homem, e existem algumas sendo educadas nessa escola por aí. Bem, e claro existem mulheres que são um pouco de cada, ou uma combinação de duas ou mais, dependendo da situação e do homem. Tem homens que realmente sabem enganar, mentir, fingir, e outros que nem precisam fingir, são escancarados. Tem pra todos os gostos.
Mas, o ponto que eu quero chegar é que, independente do tipo que você for, é bom que você saiba o que esperar. E tenha isso em mente. Minha amiga, por exemplo. Na primeira vez que saiu com esse fulano, esperava um namorado. Agora, ela sabe que, se sair com ele, não pode esperar isso. No máximo, um relacionamento casual. Mas agora ela sabe, porque ele fez questão de dizer, pra se isentar de culpa caso alguma coisa aconteça. O que ele quis dizer, basicamente, foi: "Eu não presto, mas quero ficar com você. Se você quiser, a gente pode se divertir, mas não venha me cobrar nada. Eu não estou disposto a entrar em nenhum tipo de relacionamento com você."
Seria bom que todos os homens fizessem isso. Ajudaria as mulheres a escolher melhor. Mas, fazendo ou não, eles sempre deixam pistas sobre o que querem, e como querem. Até porque, minha gente, sejamos realistas: quando o homem quer, o céu é o limite. Eles fazem o que for preciso pra conseguir a mulher que eles querem, porque é da natureza deles ser assim. Então, se você quer entrar num relacionamento com alguém que não dá o menor sinal de que você é essa mulher-incrível que vai fazê-lo querer ser o melhor homem do mundo pra você, não vá reclamar depois. Tudo é uma questão de escolha. Ás vezes o sofrimento vem e a gente reclama que não sabe porque, mas eu acredito que ninguém é ausente de culpa ou inocente. De uma forma ou de outra, suas atitudes influenciaram no que você passou, passa ou vai passar. Certo, mas mesmo assim, é preciso lembrar que existe um período PROBATÓRIO, que pode durar de dias a anos, dependendo do caso, onde as coisas precisam acontecer naturalmente. Isso significa que não adianta forçar, pressionar, fazer macumba, ir em cartomante, arrumar outro, seduzir, não adianta. Você precisa esperar e deixar que aconteça. Adiantar as horas do relógio não vai fazer o tempo passar. E quer saber? Eu acho que esse comportamento deveria ser universal. Essa história de toda mulher ter que namorar, casar, obrigatoriamente, acaba deixando todas as mulheres desnorteadas. Porque esse diabinho de "vida ideal e perfeita" insiste em ficar falando no nosso ouvido, e muitas vezes a gente segue o que ele manda e esquece de fazer o que o anjo fala. E o que é que o anjo fala? Cuide da sua vida. Cuide do que você gosta de fazer. Cuide de você. Cultive seus amigos, seus hábitos. Crie uma perspectiva de vida onde você é feliz independente de quem esteja com você. Afinal, mesmo o relacionamento é finito. Alguns duram até que a morte os separe. Mas, pelo amor de Deus, isso só deve acontecer sob a condição de felicidade mútua. Antes do relacionamento, de um namorado (a) aqui ou ali, o maior problema da sua vida é e tem que ser sempre: o que me faz feliz?

27 de mar. de 2010

Sobre sentir-se bem com você.

Talvez eu só comece esse texto com esse tema. Infelizmente, eu tenho esse péssimo hábito..
Bem, acontece que, estou em época de provas. E, ao contrário do que eu faria antigamente, de literalmente me enfiar nos livros, eu percebi que talvez eu possa aproveitar isso pra ficar um tempo comigo mesma. Estranho, né? Nem eu sei de onde tirei isso. Acontece que.. por exemplo..
Hoje acordei e tava disposta a estudar a tarde inteira. Ao contrário, passei a tarde vendo Greek, acho que assisti 4 ou 5 episódios.
Agora que terminei.. eu só quero ir deitar na cama, e descansar um pouco. De quê, exatamente?
Nem eu sei. Mas se eu posso dizer alguma coisa de mim, depois desse tempo, é que eu realmente não tenho problemas em passar um tempo comigo mesma.
Provavelmente, vou passar a noite estudando pra compensar a tarde perdida. Preciso ler 50 páginas hoje. Mas quem se importa?
Amanhã tenho mais 70 ou 80 pra estudar.
O que eu quero dizer é..
Daqui a 5 dias, quando eu tiver feito a prova, o que vai sobrar é o fato de eu ter feito isso de um jeito que me agradasse ou não. E a nota da prova, claro. Entendeu onde eu quero chegar?
Talvez nem eu tenha entendido. Mas.. eu segui um impulso e fiz o que eu tava com vontade de fazer. Isso vai me render o sábado à noite em casa, estudando. Mas, quem nunca fez isso?
Bem, aos que não fizeram, eu sinto muito. Talvez você não sinta.. de qualquer forma, isso significa que eu fico sozinha até ou além de um ponto que muitos não ficam.
Melhorei, sei o que eu quero, mas isso não altera o fato de que eu gosto de ficar sozinha, mesmo que agora, fazendo isso, eu tenha mais vontade de compensar esses momentos sozinha por outros de festa num próximo fds. Mas também não significa que eu esteja errada por fazer isso..
Bem, não sei. Não sei nem o motivo de ter começado esse texto.
Só sei que, hum.. não sei.
Melhor ir deitar.
às vezes você faz essas coisas que ninguém consegue entender. nem você mesmo.

Anyway. Boa noite.

4 de mar. de 2010

Essa história de acreditar em conto de fadas




    Mesmo tendo trabalhado na Disney, e tendo aprendido muito com toda a cultura e filosofia dela como empresa, eu carrego comigo, da minha infância, um problema pelo qual ela é culpada. Aliás, eu e a grande maioria das mulheres: a ilusão do príncipe encantado. Por ser autoexplicativo, não vou me ater a maiores esclarecimentos. Porém, fico pensando o quanto essa ilusão (ou seria trauma, ou atitude inconsciente para e com os relacionamentos?) traz prejuízos na vida das mulheres e até mesmo dos homens. Porque, já que as únicas a assistirem os filmes Disney são as mulheres (pelo menos a maioria telespectadora é composta delas), os homens não tem e nunca tiveram na cabeça o ideal de mulher perfeita como as mulheres tem deles. 


No máximo, eles querem perfeição de corpo, porque no final das contas é o que mais conta pra eles (infelizmente, algumas vezes é só isso que conta). A maioria dos homens casa com o corpo da mulher e não com a cabeça. Ainda bem, essa realidade, bem como outras, vem mudando. Inclusive li recentemente um estudo falando que a fidelidade masculina está ligada ao seu QI (leia aqui a reportagem). Que bom seria se fosse verdade. Bom, pode ser, porque não? A questão, contudo, é o imaginário feminino e a iludida esperança de que os homens precisam ser perfeitos. Lindos, inteligentes, bem sucedidos, engraçados, dedicados, atenciosos, românticos, bons pais, bons provedores, bons, bons, bons, bons.. A lista é interminável. O problema é que essa projeção e esse tipo de homem-modelo criado na cabeça das mulheres é fruto de uma fase em que o mundo realmente era cor de rosa, a infância e o começo da adolescência. Depois disso, a dose de realidade deveria ser forte a ponto de mostrar que essa fase terminou e que o que vem depois é diferente. Aí eu me pergunto: quantos terapeutas não se veem diante do problema de apagar esse modelo da cabeça de mulheres adultas? Não duvido que esse seja o tema de diversos de seus livros. E por causa disso, o que acaba acontecendo quando as mulheres entram num relacionamento é que: a) o homem não é nada do que ela esperava, mas diz que a ama e ela acredita; b) o homem atende a um ou dois tópicos do modelo, e ela finge e se convence que ele completa todos; c)o homem completa grande parte dos requisitos, mas ela procura outros que ele não atende (já que ele é tão bom, poderia ser melhor); d)o homem é uma pessoa boa e está disposto a investir no relacionamento, mas a mulher se ocupa tanto de tornar tudo perfeito que acaba destruindo tudo; e)muito raramente, a mulher entra na real e decide aceitá-lo como ele é, constituindo um pequeno percentual de mulheres realmente satisfeitas com seus relacionamentos. Excetuando a alternativa e, as outras provavelmente levarão ao fim dos relacionamentos e a um número maior de consultas em clínicas psicológicas. Ou a mulher acaba casada e infeliz, com um marido infiel; ou ambos infiéis, e o relacionamento se sustenta na convenção. Mas, afinal, o que se esperar de um e outro?
Sinceramente, eu acho que prefiro a conduta dos homens. Não estou dizendo que concordo com tudo que eles fazem, porque não concordo. Mas em se tratando de como eles agem em relação ao amor, tem um certo sentido. Porque, veja.. eles não saem pra todas as festas que vão procurando se apaixonar, nem procurando uma esposa. Não concordo com o fato de saírem sempre procurando um rabo de saia, mas concordo com a postura de não procurar um relacionamento em cada esquina ( o que acontece com a maioria das mulheres ). Claro, existem sempre exceções. Posso dizer até que existem homens piores do que mulheres, mais carentes, mais dependentes, enfim. Mas aqueles que se encaixam no padrão a que eu me refiro, encaram o amor como uma coisa que acontece naturalmente. A maioria nem espera por isso, e tem alguns que dizem que não querem se apaixonar nunca. Mas engraçado que são esses os maiores e melhores namorados, na maioria das vezes. Porque eles meio que se preservam de gastar energia com mulheres que eles não acham que valha a pena. O que significa que quando encontram uma que eles acham que valha o esforço, são mais sinceros e acabam até surpreendendo, pelo fato de terem mais sentimento guardado. Um amigo da minha mãe uma vez me disse: os melhores namorados e maridos são os homens galinhas. Eu não concordo com ele, mas admito que o argumento tem certa lógica. Os homens galinhas conheceram mais tipos de mulheres, viveram e viram quão diferentes podem ser, conhecem melhor a maioria dos seus defeitos, e por isso mesmo sabem valorizar mais quando encontram uma mulher digna da sua atenção (infelizmente, atenção e fidelidade no vocabulário masculino são como A e Z no dicionário, mas essa é uma discussão pra outro dia). O que eu quero dizer é, na maioria das vezes, os homens não esperam nada e valorizam muito mais quando encontram algo que lhes agrada. Ao contrário das mulheres, que sempre esperam demais e quando encontram algo, em 80% das vezes não é do seu agrado, e mesmo assim acabam supervalorizando devido à uma imagem que não reflete a realidade. Não estou dizendo que os homens estão sempre certos e as mulheres erradas, até porque sou uma delas e discordo de muitas atitudes masculinas. O que eu quero dizer é que ás vezes nós temos o péssimo hábito de julgar os homens e esquecemos de observar seus comportamentos, que podem inclusive nos ensinar algo. Nesse caso, o que eu acho que pode ser tirado dessa atitude não é muito diferente do que os terapeutas dizem e aconselham: é muito
mais interessante e saudável viver e deixar que as coisas aconteçam sem esperar demais, do que sair procurando incansavelmente por uma coisa e acabar se decepcionando quando encontra. Não tiro a nossa razão em esperar certas qualidades de um namorado, porque isso é natural de todo ser humano. Aliás, é necessário, digamos, ter um certo filtro pra evitar invasores indesejados. Mas sair com esse filtro pra lá e pra cá, além de desgastante, parece afastar o interesse dos que desejam se aproximar..

23 de fev. de 2010

O que é que o brasileiro tem?

Como é difícil escolher um tema pra começar. Acho que me identifiquei com o tema relacionamentos entre Brasileiros e estrangeiros, e o comportamento relacionado..
Recentemente, eu estive viajando, e na viagem tive oportunidade de conhecer pessoas de outras culturas, e conversar com elas. Como o tema é muito abrangente, e eu sou mulher, vamos falar do comportamento masculino aqui e abroad. Bem, antes de viajar.. eu saí daqui com possibilidades. Mas na hora em que eu pisei no avião, ficou no Brasil por período latente qualquer uma delas. Bem, eis que eu chego lá e me deparo com tipos de homens que por aqui são raridade. E o pior, quando existem, você ainda precisa se preocupar em pensar "será que ele é sincero e verdadeiro, ou ele é mais um cafa com pós-doutourado tentando me enganar?". E que tipos de homens são esses? Olhe, eu nunca fui de achar que beleza vem em primeiro lugar, contrariando imensamente as estatísticas, porque eu gosto de homem interessante. Aqui no Brasil.. é fácil achar homem bonito, mas interessante, nem tanto. Primeiro, que a maioria dos homens daqui tem o complexo "fugir de relacionamentos". Pode e deve ser cultural, talvez as mulheres tenham se tornado desesperadas demais e parado no tempo, na década de 50 quando casamento era tudo e nada mais importava. Acho que isso ficou muito arraigado na cultura brasileira. Não poderia ser diferente, visto que essa foi a única educação que nós recebemos. O que me leva a pensar no que o Brasil e o primeiro mundo diferem tanto, visto que, por exemplo, na Europa a cultura é secular e muito mais forte, e ainda assim existem mais pessoas de cabeça aberta do que aqui. Mas não vamos culpar somente as mulheres.. porque os homens também não são nem um pouco inocentes. Quer um exemplo? A maioria ainda se limita ao instinto sexual que dizem ser inevitável de ir à caça de mais e mais mulheres. O velho e bom instinto é culpado da irracionalidade masculina que devia ter sido superada há muito tempo. Afinal cadê o lado humano do cérebro dos homens? Desculpa, é um pouco de desabafo também. Não posso generalizar, porque tenho amigos que desbancam as estatísticas, mas, ainda assim.. Tanto que, antes de viajar, eu me sentia mal. "Será que eu sou um et?" Só eu não aprovo esse tipo de sociedade fútil e cultivadora excessiva do sexo? Só eu que não aprovo o fato de existirem cada vez mais homens que desrespeitam as mulheres, e cada vez mais mulheres merecendo serem desrespeitadas?
Mas aí você pode pensar.. e não foi você quem disse que não se importa com a vida alheia? Não, não me importo com o que fulano ou cicrano faz. Cada um, no seu particular, tem seus motivos. O que me incomoda é o fato de aqui no Brasil haver toda uma cultura que incentiva e estimula esse tipo de comportamento. Uma coisa é você fazer o que quiser por livre e espontânea vontade, outra bem diferente é você fazer porque segue o modelo do "contrato social de comportamento brasileiro nos relacionamentos". E esse modelo está em todos os lugares.
Lá fora.. eu vi exemplos de fidelidade, de amor, de respeito, de consideração.. que eu não via com frequencia aqui no Brasil. Que tristeza ter que assumir isso.. E agora não me refiro somente a relacionamentos homem x mulher, mas também amizades, profissionalmente falando. Claro, o jeito brasileiro de ser carinhoso e amável, não tem igual.. mas será que é esse o preço que a sociedade paga pra ser desse jeito? Vi casos de respeito à mulher, em sua própria condição, que se perdem nas estatísticas por aqui. Claro, existem, mas são tão poucos que são dignos que um quadro especial no Fantástico. E também vi uma consciência social.. muito maior. E o que isso tem a ver? Se há alguém que discorde que uma pessoa é feita por tudo que ela concorda e discorda, e pelo que ela acredita ou deixa de acreditar, que se manifeste e me mostre argumentos. Porque é nisso em que eu acredito.
Saí desesperançosa e me contentando com pouco, e voltei com muita esperança e sabendo que os péssimos exemplos de tratamento e consideração, nos relacionamentos aqui, não são regra. Mais, voltei sabendo que as exceções daqui podem e são regras em outros lugares. Lembro de ouvir uma amiga contar.. que uma chinesa que ela conheceu ficou indignada ao saber que os homens não abrem a porta pras mulheres no Brasil. Ela ficou indignada mesmo! E aqui, quando um homem abre a porta pra mim, o que eu penso? Bem, antes eu pensava que ele era educado. Agora eu penso que ou ele é educado ou então ele foi muito bem orientado pra conseguir o que quer. Sempre precisa existir essa segunda possibilidade, porque esperar a verdade e confiar nas atitudes dos homens aqui, definitivamente, é uma furada. E pra piorar a situação, as mulheres foram educadas exatamente pra isso, pra confiar e acreditar. Enquanto que os homens foram educados pra mentir "em alguns casos", omitir em outros, e fazer o que for preciso pra provar sua masculinidade e conquistar uma mulher. Mas que combinação, não? Mais uma vez, falo da regra. Toda regra tem sua exceção. Tanto existe mulher que age como homem, como vice e versa. Porém, referindo-me à 60% da população, eu deixo a pergunta no ar: que tipo de relacionamento é construído com base nessa cultura? Eu me alegro quando escuto casos com final feliz, mas não posso deixar de pensar que por trás do final feliz, com certeza existe um furo aqui ou ali que pinta a história com um pouco de cinza.. E fico pensando: quando não há?
Talvez eu esteja passando da postura da que confiava demais pra que desconfiava demais. Bem, não sei. Só sei que já aprendi muito confiando. Talvez seja hora de aprender desconfiando, principalmente enquanto eu morar numa cultura que embasa esse tipo de desconfiança. O que me alegra é saber que, se aqui eu preciso desconfiar e desconfiar, pelo menos posso deitar a cabeça no travesseiro e pensar que há um lugar em que a realidade é outra.. e que um dia eu vou viver lá. Enquanto isso.. vou desconfiando, confiando, e alternando. Mas sempre considerando a possibilidade oculta de segundas e não tão boas intenções.

Falar de relacionamentos

Bem, acabei de tomar uma decisão. Antes de começar, porém, quero registrar que algum dia pretendo entender porque eu sinto mais vontade de escrever quando estou sonolenta.
Agora vamos ao que interessa. Percebi e percebo há tempos que esse blog é utilizado pra falar de fatos da vida, cotidiano e sentimentos. Falo muito do que eu vivi, senti, muito filosoficamente falando. E eu adoro isso. Mas eu percebi também que nem sempre você está na vibe "i feel like doing philosophical posts". Eis que, agora à noite procurando blogs de relacionamentos em inglês, não somente pra treinar o inglês como pra entender o pensamento americano nos mesmos, porque é um pouco diferente, eu decidi escrever sobre isso também. Já tinha tentado criar um blog com alguns amigos, mas isso requer muita energia, e talvez fique pra uma próxima vez. Agora, com duas faculdades e muitos planos, é melhor que eu decida fazer coisas que eu possa realizar, como escrever num blog que eu já tenho sobre um tema que me interessa. Gostaria de indicar o blog Manual do Cafajeste para aqueles que gostam do assunto. Como mulher, criada dentro de uma cultura machista e paternalista, e ainda mais, numa cultura que cultiva a ilusão do final feliz por todos os lados (que o digam os filmes Disney estilo ''Happily ever after.."), esse blog me ajuda a cair na real e pensar de uma perspectiva diferente. Eu já vinha lendo-o há algum tempo, mas agora percebi que certas vezes não adianta somente ler pra entender.. você precisa refletir, e eu penso melhor escrevendo, logo, decidi escrever. Sobre o que eu já li no blog dele, já vivi e o que eu já vi os outros viverem. E continuo vendo.
Não sei quanto à regularidade, nem frequencia, nem se esse será o único post sobre o assunto. Mas definitivamente decidi começar pra ver no que vai dar. Cansei de planos deixados no papel, agora mudei de tática. Ao invés de planejar antes, vou planejando enquanto acontece. Inclusive, é uma boa tática pra encarar melhor os relacionamentos. Pelo menos eu acho que seja..
Costumo ser racional aconselhando os outros, mas muito irracional e impulsiva quando se trata de mim. Tenho 20 anos, prestes a fazer 21. Não sou a mais experiente em relacionamentos, mas também não sou a menos. Vivi alguns casos engraçados e outros nem tanto. Já sofri por amor e também já fiz sofrer.. não me orgulho de nenhum dos dois, mas ambos me ensinaram. Enfim. Chega de bla bla bla. Todo mundo já sofreu e tudo mais, ou não? Pois se não, eu aconselho que sofra. Uma última coisa.. vou falar aqui de mim e dos outros. Pra me privar um pouco, todos serão tratados como terceiros. Não me importo com o que os outros pensam, mas infelizmente o contrato social é feito de vias duplas. Eu não me importo com sua vida, mas se você se importa com a minha, eu preciso me preservar.
Não espero que vá ter muitos leitores, também. Nem sei onde isso vai dar. Mas ok, vamos ao primeiro post..

20 de fev. de 2010

Sábado à noite

Daqui a 2 meses completo 21 anos. E desde que adquiri consciência das coisas, há mais ou menos uns 10 anos, muita coisa mudou. Tanto no meu cenário como no meu roteiro. Mas depois de estar aqui, sentada em frente ao computador, escutando Elton John, em uma noite de sábado em que pessoas no mundo inteiro estão hanging out e se divertindo, eu percebi que algumas coisas simplesmente nunca vão mudar. Existem pessoas que sentem necessidade de completar o vazio de suas vidas indo para uma festa, e existem outras, como eu, que preferem fazer isso escrevendo. As festas pra mim são o lugar de preencher minha vida, com boas memórias e acontecimentos divertidos. Não me lembro de uma vez que eu tenha ido pra uma festa querendo esquecer algo ou alguém e que eu tenha sido 100% bem sucedida. As melhores festas, as mais divertidas a que eu fui, foram sempre ou inesperadas ou muito esperadas, porém nunca com a ilusão de consertar problemas ou sentimentos. Nas vezes em que isso aconteceu, voltei pra casa ainda mais frustrada e indignada. Há coisas que não adianta tentar mudar. Cada um é do jeito que é.. hoje eu senti vontade de ficar em casa e não fazer nada. A televisão não me apetece, me abuso fácil de qualquer coisa que eu faça por mais de alguns minutos. A única coisa que tem o poder de me acalmar é pensar, conversar e escrever. Eu costumo dizer que quando escrevo não sei o que vem pela frente.. as pessoas fingem acreditar. Não sei até onde acreditam. Mas não tem forma mais elucidativa de dizer o que me acontece quando sinto vontade de escrever.. é uma vontade de botar um sentimento amorfo e turvo pra fora, na forma de palavras, com a esperança que assim eu possa entender, e quem sabe outra pessoa também.
Aonde eu quero chegar? Um certo alguém com quem conversei há pouco tempo me disse: "E você explica tudo?" Eu percebi que eu tenho a mania de querer que me expliquem tudo, mas nem sempre faço o mesmo. Aliás, vou mais além e digo que as pessoas não gostam de explicações. Algumas vezes eu até as tenho, mas guardo pra mim porque sei que a conversa ficaria enfadonha e cansativa..
Estou querendo manter uma linha de raciocínio, mas cada coisa que digo me faz imaginar várias outras, e isso torna a tarefa complicada. Mas vou tentar voltar às festas. Cada um tem um certo grau de admiração e dependência de festas. Na verdade, elas são uma via de mão dupla: você ganha com elas e elas ganham com você. O que significa que, para que essa troca aconteça, ambos precisam estar dispostos. Por isso que existem vários tipos de festas e vários tipos de pessoas. Precisa haver uma sintonia entre a vibe da festa e a vibe de quem vai nela. Mas nem isso é suficiente.. Elas são meio.. hipnotizadoras, encantadoras, sedutoras, e trapaceadoras. Costumam querer chamar a atenção, e atrair a presença de muitos que não sabem pra onde ir. Alguns até viciam-se. Tornam-se dependentes tão ou até mais sérios do que aqueles viciados em drogas e em bebidas alcoólicas, dentre outros vícios. Porque nelas você entra num estado de fuga e de, como é mesmo aquela palavra que Clarice Linspector falava? Preciso procurar. LEMBREI! EPIFANIA! Existem várias formas de epifania. Alguns atingem-na bebendo, outros conversando, outros se drogando, outros indo pra festas. Acho que eu sou meio cult, porque a minha epifania é meio como a de Clarice. Escrevendo e pensando. Que mal tem nisso? É uma diferença que eu aprecio e até certo ponto cultivo. Um diferencial? Talvez.
Por esse motivo, as festas tem um significado diferente pra mim.. Em alguns momentos, poucos momentos, conseguem me propiciar momentos de epifania, por assim dizer. Mas não é sempre, o que me torna menos dependente delas do que outras pessoas o são. Enfim, acho que achei a explicação para o fato de estar aqui sentada escrevendo ao invés de estar bebendo numa festa que eu poderia ter ido. Achei, não. Externalizei.
Devo dizer que algumas vezes isso me incomoda.. cresci e já tentei ser diferente. Mas eu já entendi que as pessoas só mudam até certo ponto. Desse ponto e além, a sua essência é uma construção de base muito sólida e não tão fácil de ser alterada. É a partir desse ponto crítico que muitas pessoas precisam levar em conta o que querem e como querem que suas vidas se encaminhem.. E é dessa forma que eu entendi e aceitei que, pra mim, o sábado a noite pode render sorrisos e gargalhadas. A diferença é que algumas vezes elas ecoam e voltam pros meus ouvidos sem que ninguém as escute, enquanto que em outras elas atingem ouvidos amigos, curiosos, desconfiados, estranhos, conhecidos.. E em cada uma dessas situações, um pouco do que eu sou vai, mas sempre pra voltar..

Ao som dos Beatles

Engraçado que eu vou começar esse post, depois de tanto tempo sem escrever, ouvindo uma música que me lembra coisas que eu nem sei se vivi. Conheci Beatles há.. uma semana. Em uma semana minha vida já mudou tanto que eu precisei parar pra ver que faz tão pouco tempo.. Agora sinto cólica e uma vontade enorme de ficar na cama sem fazer nada. Mas eu sei que amanhã será diferente.. Não, amanhã ainda é domingo. Digo, o futuro.
Onde eu estive nesse tempo? Por alguns meses, saí da minha realidade e do meu ambiente de conforto pra descobrir coisas que eu não imaginava existirem.. e pra descobrir, mais ainda, que meu ambiente de conforto não é um só. Mais do que eu imaginava, me senti confortável em ambientes diversos e diferentes de tudo que eu havia conhecido. Isso talvez não tenha me surpreendido, porque não me recordo de ter passado segundo sequer assustada pelo que eu via. Aliás, o que me surpreendeu foi exatamente o fato de ver que eu não me sentia estranha, e sim melhor. Mais viva, mais estimulada. Não digo do trabalho.. o tempo em que eu passei trabalhando foi um desafio. Mas ainda assim um desafio que eu considero bem sucedido. Percebi que você pode sempre achar que sabe de muita coisa, mas que em cada contexto que você se insere, você se vê sabendo menos do que o anterior. E que é suficiente mudar de contexto pra aprender o que você tinha esquecido e achado que já sabia.. Eu sabia de muita coisa, depois vi que nem todo tipo de conhecimento e experiência eram universais, e que é melhor estar sempre aberto ao fato de aprender e poder estar enganado. Porque o que uma hora me parecia certo, depois me pareceu completamente antiquado e imaturo.
E não foi somente uma vez ou em uma situação. Aprendi tanto que não consigo enumerar onde, como e porquê. Há certos sentimentos que são tão particulares e internos que você só dá conta de perceber que existem. Além disso, é uma fronteira que talvez não seja possível transpor..
Vi, ouvi, senti, experimentei e conheci sentimentos novos, pessoas novas, paisagens diferentes, comportamentos opostos, cheiros característicos, músicas adoráveis, descobri novas paixões, deixei outras de lado, confirmei sonhos, larguei de alguns, me iludi com motivo, e me desiludi de vários outros..
Vivenciei a intensidade de tantos verbos do dicionário, alguns que eu nem conheço. Percebi quanta vida existe, em cada pedaço de terra, em cada cidade, em cada cabeça, em cada coração.. e como são distintas, especiais, únicas e valiosas. Meu coração sabia de coisas que eu desconhecia. Por exemplo, eu sentia admirar as culturas diferentes, sentia compreendê-las. Mas há coisas que precisam ser vividas antes de pensadas, e por isso a minha certeza e compreensão só se permitiram aprofundar-se quando eu me expus ao que eu sempre imaginei ser tão importante.. E agora sorrio ao dizer que eu estava certa, e que minha vontade de voar e de conhecer o que se define como desconhecido é ainda maior. Na verdade, eu entendi que não é algo literalmente desconhecido.. acho que isso me impediu de ficar assustada.
Deve ter sido porque eu reparei um pouco mais.. se talvez todo mundo parasse pra reparar.. em certas coisas, não importa a língua que você fale ou qual seja sua main food, o ser humano é igual. Acredito que essa semelhança é mais forte do que muitos chegam a supor. Mas a maioria nem percebe.. é mais um fato que passa junto com as folhas do vento.
Os sentimentos.. são os mesmos. Em mandarim, inglês, italiano, francês, português, coreano, espanhol, grego..
Amor é amor, dor é dor, tristeza é tristeza, saudade é saudade, inveja é inveja, raiva é raiva, felicidade é felicidade. São universais. Podem mudar de intensidade, tamanho, forma de expressar, mas no coração e na cabeça, o efeito é o mesmo. Todos querem e buscam o mesmo final feliz.. de infinitas formas, sem dúvida. A melhor parte da diferença é ver quantos caminhos paralelos e alternativos podem existir pra chegar ao mesmo destino.. Eu sorria de felicidade presenciando isso. Vi coreano chorar, peruano sorrir, americano gargalhar, brasileiro gritar, francês envergonhado, australiano maluco, inglesa sorridente.. E isso me faz querer voltar. Enxergar de novo o mundo maior e misturado do lado de fora da janela..
E como os Beatles estavam certos..
There's nothing you can do that can't be done
Nothing you can sing that can't be sung
Nothing you can say but you can learn how to play the game
It's easy

There's nothing you can make that can't be made
No one you can save that can't be saved
Nothing you can do but you can learn how to be you in time
It's easy

All you need is love
All you need is love
All you need is love, love
Love is all you need

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