23 de fev. de 2010

O que é que o brasileiro tem?

Como é difícil escolher um tema pra começar. Acho que me identifiquei com o tema relacionamentos entre Brasileiros e estrangeiros, e o comportamento relacionado..
Recentemente, eu estive viajando, e na viagem tive oportunidade de conhecer pessoas de outras culturas, e conversar com elas. Como o tema é muito abrangente, e eu sou mulher, vamos falar do comportamento masculino aqui e abroad. Bem, antes de viajar.. eu saí daqui com possibilidades. Mas na hora em que eu pisei no avião, ficou no Brasil por período latente qualquer uma delas. Bem, eis que eu chego lá e me deparo com tipos de homens que por aqui são raridade. E o pior, quando existem, você ainda precisa se preocupar em pensar "será que ele é sincero e verdadeiro, ou ele é mais um cafa com pós-doutourado tentando me enganar?". E que tipos de homens são esses? Olhe, eu nunca fui de achar que beleza vem em primeiro lugar, contrariando imensamente as estatísticas, porque eu gosto de homem interessante. Aqui no Brasil.. é fácil achar homem bonito, mas interessante, nem tanto. Primeiro, que a maioria dos homens daqui tem o complexo "fugir de relacionamentos". Pode e deve ser cultural, talvez as mulheres tenham se tornado desesperadas demais e parado no tempo, na década de 50 quando casamento era tudo e nada mais importava. Acho que isso ficou muito arraigado na cultura brasileira. Não poderia ser diferente, visto que essa foi a única educação que nós recebemos. O que me leva a pensar no que o Brasil e o primeiro mundo diferem tanto, visto que, por exemplo, na Europa a cultura é secular e muito mais forte, e ainda assim existem mais pessoas de cabeça aberta do que aqui. Mas não vamos culpar somente as mulheres.. porque os homens também não são nem um pouco inocentes. Quer um exemplo? A maioria ainda se limita ao instinto sexual que dizem ser inevitável de ir à caça de mais e mais mulheres. O velho e bom instinto é culpado da irracionalidade masculina que devia ter sido superada há muito tempo. Afinal cadê o lado humano do cérebro dos homens? Desculpa, é um pouco de desabafo também. Não posso generalizar, porque tenho amigos que desbancam as estatísticas, mas, ainda assim.. Tanto que, antes de viajar, eu me sentia mal. "Será que eu sou um et?" Só eu não aprovo esse tipo de sociedade fútil e cultivadora excessiva do sexo? Só eu que não aprovo o fato de existirem cada vez mais homens que desrespeitam as mulheres, e cada vez mais mulheres merecendo serem desrespeitadas?
Mas aí você pode pensar.. e não foi você quem disse que não se importa com a vida alheia? Não, não me importo com o que fulano ou cicrano faz. Cada um, no seu particular, tem seus motivos. O que me incomoda é o fato de aqui no Brasil haver toda uma cultura que incentiva e estimula esse tipo de comportamento. Uma coisa é você fazer o que quiser por livre e espontânea vontade, outra bem diferente é você fazer porque segue o modelo do "contrato social de comportamento brasileiro nos relacionamentos". E esse modelo está em todos os lugares.
Lá fora.. eu vi exemplos de fidelidade, de amor, de respeito, de consideração.. que eu não via com frequencia aqui no Brasil. Que tristeza ter que assumir isso.. E agora não me refiro somente a relacionamentos homem x mulher, mas também amizades, profissionalmente falando. Claro, o jeito brasileiro de ser carinhoso e amável, não tem igual.. mas será que é esse o preço que a sociedade paga pra ser desse jeito? Vi casos de respeito à mulher, em sua própria condição, que se perdem nas estatísticas por aqui. Claro, existem, mas são tão poucos que são dignos que um quadro especial no Fantástico. E também vi uma consciência social.. muito maior. E o que isso tem a ver? Se há alguém que discorde que uma pessoa é feita por tudo que ela concorda e discorda, e pelo que ela acredita ou deixa de acreditar, que se manifeste e me mostre argumentos. Porque é nisso em que eu acredito.
Saí desesperançosa e me contentando com pouco, e voltei com muita esperança e sabendo que os péssimos exemplos de tratamento e consideração, nos relacionamentos aqui, não são regra. Mais, voltei sabendo que as exceções daqui podem e são regras em outros lugares. Lembro de ouvir uma amiga contar.. que uma chinesa que ela conheceu ficou indignada ao saber que os homens não abrem a porta pras mulheres no Brasil. Ela ficou indignada mesmo! E aqui, quando um homem abre a porta pra mim, o que eu penso? Bem, antes eu pensava que ele era educado. Agora eu penso que ou ele é educado ou então ele foi muito bem orientado pra conseguir o que quer. Sempre precisa existir essa segunda possibilidade, porque esperar a verdade e confiar nas atitudes dos homens aqui, definitivamente, é uma furada. E pra piorar a situação, as mulheres foram educadas exatamente pra isso, pra confiar e acreditar. Enquanto que os homens foram educados pra mentir "em alguns casos", omitir em outros, e fazer o que for preciso pra provar sua masculinidade e conquistar uma mulher. Mas que combinação, não? Mais uma vez, falo da regra. Toda regra tem sua exceção. Tanto existe mulher que age como homem, como vice e versa. Porém, referindo-me à 60% da população, eu deixo a pergunta no ar: que tipo de relacionamento é construído com base nessa cultura? Eu me alegro quando escuto casos com final feliz, mas não posso deixar de pensar que por trás do final feliz, com certeza existe um furo aqui ou ali que pinta a história com um pouco de cinza.. E fico pensando: quando não há?
Talvez eu esteja passando da postura da que confiava demais pra que desconfiava demais. Bem, não sei. Só sei que já aprendi muito confiando. Talvez seja hora de aprender desconfiando, principalmente enquanto eu morar numa cultura que embasa esse tipo de desconfiança. O que me alegra é saber que, se aqui eu preciso desconfiar e desconfiar, pelo menos posso deitar a cabeça no travesseiro e pensar que há um lugar em que a realidade é outra.. e que um dia eu vou viver lá. Enquanto isso.. vou desconfiando, confiando, e alternando. Mas sempre considerando a possibilidade oculta de segundas e não tão boas intenções.

Falar de relacionamentos

Bem, acabei de tomar uma decisão. Antes de começar, porém, quero registrar que algum dia pretendo entender porque eu sinto mais vontade de escrever quando estou sonolenta.
Agora vamos ao que interessa. Percebi e percebo há tempos que esse blog é utilizado pra falar de fatos da vida, cotidiano e sentimentos. Falo muito do que eu vivi, senti, muito filosoficamente falando. E eu adoro isso. Mas eu percebi também que nem sempre você está na vibe "i feel like doing philosophical posts". Eis que, agora à noite procurando blogs de relacionamentos em inglês, não somente pra treinar o inglês como pra entender o pensamento americano nos mesmos, porque é um pouco diferente, eu decidi escrever sobre isso também. Já tinha tentado criar um blog com alguns amigos, mas isso requer muita energia, e talvez fique pra uma próxima vez. Agora, com duas faculdades e muitos planos, é melhor que eu decida fazer coisas que eu possa realizar, como escrever num blog que eu já tenho sobre um tema que me interessa. Gostaria de indicar o blog Manual do Cafajeste para aqueles que gostam do assunto. Como mulher, criada dentro de uma cultura machista e paternalista, e ainda mais, numa cultura que cultiva a ilusão do final feliz por todos os lados (que o digam os filmes Disney estilo ''Happily ever after.."), esse blog me ajuda a cair na real e pensar de uma perspectiva diferente. Eu já vinha lendo-o há algum tempo, mas agora percebi que certas vezes não adianta somente ler pra entender.. você precisa refletir, e eu penso melhor escrevendo, logo, decidi escrever. Sobre o que eu já li no blog dele, já vivi e o que eu já vi os outros viverem. E continuo vendo.
Não sei quanto à regularidade, nem frequencia, nem se esse será o único post sobre o assunto. Mas definitivamente decidi começar pra ver no que vai dar. Cansei de planos deixados no papel, agora mudei de tática. Ao invés de planejar antes, vou planejando enquanto acontece. Inclusive, é uma boa tática pra encarar melhor os relacionamentos. Pelo menos eu acho que seja..
Costumo ser racional aconselhando os outros, mas muito irracional e impulsiva quando se trata de mim. Tenho 20 anos, prestes a fazer 21. Não sou a mais experiente em relacionamentos, mas também não sou a menos. Vivi alguns casos engraçados e outros nem tanto. Já sofri por amor e também já fiz sofrer.. não me orgulho de nenhum dos dois, mas ambos me ensinaram. Enfim. Chega de bla bla bla. Todo mundo já sofreu e tudo mais, ou não? Pois se não, eu aconselho que sofra. Uma última coisa.. vou falar aqui de mim e dos outros. Pra me privar um pouco, todos serão tratados como terceiros. Não me importo com o que os outros pensam, mas infelizmente o contrato social é feito de vias duplas. Eu não me importo com sua vida, mas se você se importa com a minha, eu preciso me preservar.
Não espero que vá ter muitos leitores, também. Nem sei onde isso vai dar. Mas ok, vamos ao primeiro post..

20 de fev. de 2010

Sábado à noite

Daqui a 2 meses completo 21 anos. E desde que adquiri consciência das coisas, há mais ou menos uns 10 anos, muita coisa mudou. Tanto no meu cenário como no meu roteiro. Mas depois de estar aqui, sentada em frente ao computador, escutando Elton John, em uma noite de sábado em que pessoas no mundo inteiro estão hanging out e se divertindo, eu percebi que algumas coisas simplesmente nunca vão mudar. Existem pessoas que sentem necessidade de completar o vazio de suas vidas indo para uma festa, e existem outras, como eu, que preferem fazer isso escrevendo. As festas pra mim são o lugar de preencher minha vida, com boas memórias e acontecimentos divertidos. Não me lembro de uma vez que eu tenha ido pra uma festa querendo esquecer algo ou alguém e que eu tenha sido 100% bem sucedida. As melhores festas, as mais divertidas a que eu fui, foram sempre ou inesperadas ou muito esperadas, porém nunca com a ilusão de consertar problemas ou sentimentos. Nas vezes em que isso aconteceu, voltei pra casa ainda mais frustrada e indignada. Há coisas que não adianta tentar mudar. Cada um é do jeito que é.. hoje eu senti vontade de ficar em casa e não fazer nada. A televisão não me apetece, me abuso fácil de qualquer coisa que eu faça por mais de alguns minutos. A única coisa que tem o poder de me acalmar é pensar, conversar e escrever. Eu costumo dizer que quando escrevo não sei o que vem pela frente.. as pessoas fingem acreditar. Não sei até onde acreditam. Mas não tem forma mais elucidativa de dizer o que me acontece quando sinto vontade de escrever.. é uma vontade de botar um sentimento amorfo e turvo pra fora, na forma de palavras, com a esperança que assim eu possa entender, e quem sabe outra pessoa também.
Aonde eu quero chegar? Um certo alguém com quem conversei há pouco tempo me disse: "E você explica tudo?" Eu percebi que eu tenho a mania de querer que me expliquem tudo, mas nem sempre faço o mesmo. Aliás, vou mais além e digo que as pessoas não gostam de explicações. Algumas vezes eu até as tenho, mas guardo pra mim porque sei que a conversa ficaria enfadonha e cansativa..
Estou querendo manter uma linha de raciocínio, mas cada coisa que digo me faz imaginar várias outras, e isso torna a tarefa complicada. Mas vou tentar voltar às festas. Cada um tem um certo grau de admiração e dependência de festas. Na verdade, elas são uma via de mão dupla: você ganha com elas e elas ganham com você. O que significa que, para que essa troca aconteça, ambos precisam estar dispostos. Por isso que existem vários tipos de festas e vários tipos de pessoas. Precisa haver uma sintonia entre a vibe da festa e a vibe de quem vai nela. Mas nem isso é suficiente.. Elas são meio.. hipnotizadoras, encantadoras, sedutoras, e trapaceadoras. Costumam querer chamar a atenção, e atrair a presença de muitos que não sabem pra onde ir. Alguns até viciam-se. Tornam-se dependentes tão ou até mais sérios do que aqueles viciados em drogas e em bebidas alcoólicas, dentre outros vícios. Porque nelas você entra num estado de fuga e de, como é mesmo aquela palavra que Clarice Linspector falava? Preciso procurar. LEMBREI! EPIFANIA! Existem várias formas de epifania. Alguns atingem-na bebendo, outros conversando, outros se drogando, outros indo pra festas. Acho que eu sou meio cult, porque a minha epifania é meio como a de Clarice. Escrevendo e pensando. Que mal tem nisso? É uma diferença que eu aprecio e até certo ponto cultivo. Um diferencial? Talvez.
Por esse motivo, as festas tem um significado diferente pra mim.. Em alguns momentos, poucos momentos, conseguem me propiciar momentos de epifania, por assim dizer. Mas não é sempre, o que me torna menos dependente delas do que outras pessoas o são. Enfim, acho que achei a explicação para o fato de estar aqui sentada escrevendo ao invés de estar bebendo numa festa que eu poderia ter ido. Achei, não. Externalizei.
Devo dizer que algumas vezes isso me incomoda.. cresci e já tentei ser diferente. Mas eu já entendi que as pessoas só mudam até certo ponto. Desse ponto e além, a sua essência é uma construção de base muito sólida e não tão fácil de ser alterada. É a partir desse ponto crítico que muitas pessoas precisam levar em conta o que querem e como querem que suas vidas se encaminhem.. E é dessa forma que eu entendi e aceitei que, pra mim, o sábado a noite pode render sorrisos e gargalhadas. A diferença é que algumas vezes elas ecoam e voltam pros meus ouvidos sem que ninguém as escute, enquanto que em outras elas atingem ouvidos amigos, curiosos, desconfiados, estranhos, conhecidos.. E em cada uma dessas situações, um pouco do que eu sou vai, mas sempre pra voltar..

Ao som dos Beatles

Engraçado que eu vou começar esse post, depois de tanto tempo sem escrever, ouvindo uma música que me lembra coisas que eu nem sei se vivi. Conheci Beatles há.. uma semana. Em uma semana minha vida já mudou tanto que eu precisei parar pra ver que faz tão pouco tempo.. Agora sinto cólica e uma vontade enorme de ficar na cama sem fazer nada. Mas eu sei que amanhã será diferente.. Não, amanhã ainda é domingo. Digo, o futuro.
Onde eu estive nesse tempo? Por alguns meses, saí da minha realidade e do meu ambiente de conforto pra descobrir coisas que eu não imaginava existirem.. e pra descobrir, mais ainda, que meu ambiente de conforto não é um só. Mais do que eu imaginava, me senti confortável em ambientes diversos e diferentes de tudo que eu havia conhecido. Isso talvez não tenha me surpreendido, porque não me recordo de ter passado segundo sequer assustada pelo que eu via. Aliás, o que me surpreendeu foi exatamente o fato de ver que eu não me sentia estranha, e sim melhor. Mais viva, mais estimulada. Não digo do trabalho.. o tempo em que eu passei trabalhando foi um desafio. Mas ainda assim um desafio que eu considero bem sucedido. Percebi que você pode sempre achar que sabe de muita coisa, mas que em cada contexto que você se insere, você se vê sabendo menos do que o anterior. E que é suficiente mudar de contexto pra aprender o que você tinha esquecido e achado que já sabia.. Eu sabia de muita coisa, depois vi que nem todo tipo de conhecimento e experiência eram universais, e que é melhor estar sempre aberto ao fato de aprender e poder estar enganado. Porque o que uma hora me parecia certo, depois me pareceu completamente antiquado e imaturo.
E não foi somente uma vez ou em uma situação. Aprendi tanto que não consigo enumerar onde, como e porquê. Há certos sentimentos que são tão particulares e internos que você só dá conta de perceber que existem. Além disso, é uma fronteira que talvez não seja possível transpor..
Vi, ouvi, senti, experimentei e conheci sentimentos novos, pessoas novas, paisagens diferentes, comportamentos opostos, cheiros característicos, músicas adoráveis, descobri novas paixões, deixei outras de lado, confirmei sonhos, larguei de alguns, me iludi com motivo, e me desiludi de vários outros..
Vivenciei a intensidade de tantos verbos do dicionário, alguns que eu nem conheço. Percebi quanta vida existe, em cada pedaço de terra, em cada cidade, em cada cabeça, em cada coração.. e como são distintas, especiais, únicas e valiosas. Meu coração sabia de coisas que eu desconhecia. Por exemplo, eu sentia admirar as culturas diferentes, sentia compreendê-las. Mas há coisas que precisam ser vividas antes de pensadas, e por isso a minha certeza e compreensão só se permitiram aprofundar-se quando eu me expus ao que eu sempre imaginei ser tão importante.. E agora sorrio ao dizer que eu estava certa, e que minha vontade de voar e de conhecer o que se define como desconhecido é ainda maior. Na verdade, eu entendi que não é algo literalmente desconhecido.. acho que isso me impediu de ficar assustada.
Deve ter sido porque eu reparei um pouco mais.. se talvez todo mundo parasse pra reparar.. em certas coisas, não importa a língua que você fale ou qual seja sua main food, o ser humano é igual. Acredito que essa semelhança é mais forte do que muitos chegam a supor. Mas a maioria nem percebe.. é mais um fato que passa junto com as folhas do vento.
Os sentimentos.. são os mesmos. Em mandarim, inglês, italiano, francês, português, coreano, espanhol, grego..
Amor é amor, dor é dor, tristeza é tristeza, saudade é saudade, inveja é inveja, raiva é raiva, felicidade é felicidade. São universais. Podem mudar de intensidade, tamanho, forma de expressar, mas no coração e na cabeça, o efeito é o mesmo. Todos querem e buscam o mesmo final feliz.. de infinitas formas, sem dúvida. A melhor parte da diferença é ver quantos caminhos paralelos e alternativos podem existir pra chegar ao mesmo destino.. Eu sorria de felicidade presenciando isso. Vi coreano chorar, peruano sorrir, americano gargalhar, brasileiro gritar, francês envergonhado, australiano maluco, inglesa sorridente.. E isso me faz querer voltar. Enxergar de novo o mundo maior e misturado do lado de fora da janela..
E como os Beatles estavam certos..
There's nothing you can do that can't be done
Nothing you can sing that can't be sung
Nothing you can say but you can learn how to play the game
It's easy

There's nothing you can make that can't be made
No one you can save that can't be saved
Nothing you can do but you can learn how to be you in time
It's easy

All you need is love
All you need is love
All you need is love, love
Love is all you need

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