Insone, volto pra minha zona de conforto.
Dentro de mim, onde ninguém consegue ouvir, meus pensamentos reverberam, parecem ter vida.
Chego a me sentir no meio de uma festa, ouço diferentes vozes de mim mesma, cada uma dizendo uma coisa, querendo ser ouvida, querendo ser a principal.
Não são necessariamente pensamentos coordenados: sim, apesar de vívidos, são soltos.
Aqui e ali, como se fossem pedaços do negativo de um filme, e eu pudesse montar, um por um, na ordem que me convém. Mas nem isso!
Escapam-me por entre os dedos, escorregadios, despedaçam-se diante dos meus sentidos, e fico sem saber o que de fato existiu e o que foi ilusão.
Mas existe ilusão dentro do meu próprio pensamento? Ou seria a ausência de consciência dentro do meu inconsciente já desprovido de uma?
Mas existe ilusão dentro do meu próprio pensamento? Ou seria a ausência de consciência dentro do meu inconsciente já desprovido de uma?
Me pego sem saber, perdida por entre caminhos entrelaçados.. estou acordada, mas preferia dormir.
Não consigo controlar a intensidade de imagens, diálogos, personagens que em um minuto se constroem e se desfazem, são livros construídos e destruídos em milésimos de segundo.
Se ainda permanecessem um pouco mais, assim poderia colocar ordem, tentar juntar os pedaços.
Se ainda permanecessem um pouco mais, assim poderia colocar ordem, tentar juntar os pedaços.
Mas me foge o controle, e de repente, quero apertar stop, mas alguém vem e passa uma borracha, e tudo fica branco novamente.
Fico me perguntando como posso me sentir confortável se nem sei onde estou, nem como, nem quando..
E então penso que, de dentro dessa avalanche, e do meio dela, devem sair novos contornos, novas oportunidades.
Na verdade, a entropia não pode desordenar algo que já se encontra bagunçado, e talvez ela tenha mesmo a função oposta, bagunçar o bagunçado e assim, quem sabe, resultar em um filme com algum significado?
Ah, espero dormir.