"Dos curtos amores, você me
parecia o menos provável. Vivi outros que foram mais intensos, mais longos,
mais mentirosos. Os romances passageiros têm dessas coisas: solidão, carência,
empatia, atração, simpatia, conversa. A gente cai sem perceber, e quando vê,
reúne forças pra levantar.
Quando eu lhe conheci, eu tinha caído, estava me levantando. Não lhe levei a sério, porque não teve entre a gente aquele quê de efemeridade usual: aconteceu, simplesmente. Um olhou, o outro olhou, e de repente, a gente dançava. Foi tão sutil, que ninguém caiu.
E você sempre teve algo que me
incomodava e lhe trazia de volta à lembrança. Aos amigos, eu dizia: ele é
diferente dos outros. Mas esse discurso bobo já era tão repetido que nenhum
deles acreditava mais. “Você é muito romântica”, eles me diziam. Demorei a
encontrar essa sua diferença, mas agora eu sei: é a leveza.
Leveza de despretensão, de
naturalidade, de conversa sem propósito e se conhecer sem pressa. De respeito,
maturidade, sinceridade, paz. Nunca esperei demais, nem você nunca me prometeu
também. Mas hoje, eu digo: trocaria todas as falsas promessas do futuro por uma
verdadeira vinda de você."
Beatrice Cartiller