23 de set. de 2012

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De certa forma, eu prefiro me manter isenta de expressar opinião sobre certos assuntos, o que não significa que eu não pense sobre eles. Faço isso porque, se a discussão de um tema pode em muitas vezes ser produtiva e recriar ideias e pontos de vista, em tantas outras representa uma falácia entre surdos caricatos. A ausência de língua dos sinais e presença da fala só evidencia quão absurda é essa afirmação.  De fato, em grande parte do tempo as pessoas não estão dispostas/preparadas para desistir de sua opinião ou ceder ao outro. Essa capacidade, de humildade relativista, é para poucos. Dessa forma, não digo que a possuo, mas decerto, almejo-a.  E coloco em prática, sempre que identifico que teimosia/medo/orgulho são os motivos que me fazem resistir a um argumento. Por isso, não são poucas as vezes que guardo pra mim mesma opiniões fundadas, outras conspiratórias, enfim.

O silêncio pode ser uma escolha.

A minha expressão de opinião, apesar de toda liberdade constitucional de exercê-la, ainda é limitada. Infeliz constatação, que faço por reconhecer que, como eu, muitos outros gostariam de viver numa sociedade em que os filtros não paralisassem, os medos não bloqueassem, e não houvesse tantos portões entre as ideias de duas pessoas.






Estamos rodeados de superegos, e essa constatação chega, quando em vez, a me enfadar.











Não sou dona de nenhuma verdade, mas gosto de usar argumentos como manobra de discussão pacífica, de refletir como observadora não participante. E me entristeço, muitas horas, porque olho ao redor e grito. E percebo que pouco reverbera. Que, se existem muitos acomodados, existem também tantos outros, que ao contrário, estão entediados.



Entediados por se verem diante de uma homogeneidade previsível, uma criticidade superficial e opiniões paralelas não por escolha, mas por conveniência. Um professor uma vez me disse que eu tinha as respostas certas, mas não estava elaborando as perguntas corretamente. Um tiro no escuro, em suma. Ele não foi o único, e demorei a entender que não estou sozinha nessa teimosa redundante.




Somente quando comecei a perguntar que comecei a entender. O problema das perguntas é que, diferente das respostas, são o norte do raciocínio. Existem várias respostas certas, mas a pergunta errada pode nos conduzir a um precipício cuja volta é uma rua sem saída. Porque elas te levam mais longe, mas ao mesmo tempo esse caminho não pode ser facilmente recuperado.


Isso significa que, a partir do momento em que você começa a fazer perguntas, recai sobre você o peso da responsabilidade pelo erro.

 E, com essa disseminação de supergos dotados de uma ideia distorcida de humanidade, o erro chega a ser uma praga. De repente, estamos diante de um coletivo estrondoso de especialistas em probabilidades que buscam o caminho mais seguro e certo, e arriscam-se cada vez menos no terreno da incerteza. Tendo/sendo ou não um componente idade versus experiência nessa equação, continuo defendendo a posição de que a comodidade não é justificativa, apesar de ser extremamente tentadora. Em um ambiente complexo e em constante transformação como o que estamos vivendo, eu chego a agradecer à minha memória seletiva que tenha esquecido as fórmulas de análise combinatória. Tem certas respostas que devem permanecer na escola.   

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