Nascemos (a depender da teoria, um livro em branco ou não),
e ao longo da vida fazemos escolhas, definindo a pessoa que vamos nos
tornar. Isso porque não somos, nem devemos ser, a mesma pessoa,
todos os dias.
A combinação das nossas características
psicológicas/emocionais/espirituais são o equivalente subjetivo do DNA. Retirando-se
as análises biológicas, químicas e variantes, no que tange a afetarem ou não a caracterização de um alguém, me atenho
somente ao que se refere à consciência – como uma ex-futura psicóloga, essa
minha vontade de falar de comportamentos nunca vai deixar de existir.
Cada experiência carrega pedaços, ainda que pequenos, que compõem
a nossa história e tornam o desenho único. Uma forma de nos reconhecermos no
nosso passado e no que vivemos, e também uma forma de nos tornarmos reconhecíveis
aos queridos que compartilharam, aqui e ali, momentos, significações, lembranças..
Contudo, existem certos pedaços da gente que teimamos em
assumir, inclusive pro nosso eu interior. Aquelas características que,
independente da qualidade que possuam, nos tornam de algum modo menos agradáveis
aos nossos próprios olhos, ou superestimam nosso ego de forma reprovável por
outrem. Todos assumem para si aquilo que
acreditam ser socialmente aceitável, porque uma vez assumidos, são externalizados
sem dificuldades e sem problemas de aceitação. Dificil mesmo
é
confraternizar com aquela pequena característica, que nos torna diferentes, e nos expõe, fragiliza,
ridiculariza, fortalece - e outras
variantes dos riscos de todo conhecimento que se torna público, ainda mais nos
tempos de internet.
Nunca foi difícil
ser igual a todo mundo. Dificil mesmo é ser diferente, assumir essa diferença e
viver com ela. Quando eu digo viver com ela, quero dizer aceitar, de uma vez, que as singularidades
humanas são ímpares, e exatamente o que tornam duas pessoas, iguais em quase
tudo, especiais e únicas.
Pois,
toda essa minha argumentação aconteceu para que eu pudesse fazer uma declaração
a respeito de mim mesma, esperando ecoar em corações semelhantes: eu nasci e
vou morrer sendo uma romântica.
No sentido amplo, estrito, abstrato, concreto. Isso
significa, antes de tudo, que eu sou extremamente teimosa. Porque a humanidade
insiste em apresentar provas em contrário, mas eu nunca a entreguei o ônus da
prova: vou sempre preferir acreditar nas pessoas. Que eu seja traída, enganada,
usada, que mintam, que falem, que eu sofra. Vou cair todas as vezes, mas vou
continuar acreditando.
Acreditando que, imperfeitos que somos, não deixamos de
ser capazes de amar ao próximo, de considerar e nos sensibilizar pelo
sofrimento do outro, e que podemos ser menos egoístas, sim, mesmo com essa
sociedade tendenciosamente individualista. Que amizades verdadeiras existem,
que amores sinceros não estão perdidos, que casamentos podem durar a vida
inteira, que filhos são bem tratados e amados pelos pais, que irmãos se amam e se respeitam, que podemos parar um
tempo da nossa vida para ouvir e ajudar alguém com um problema bem maior que o
nosso.
Da mesma forma que a maldade se encontra em toda parte, inundando a vida e a consciência
das pessoas, eu acredito que existe algo ainda maior: acredite ou
não você, leitor, em Deus – não posso nem quero impor minha crença a ninguém,
é
inegável que existe uma energia positiva, uma capacidade a ser ativada,
direcionada para o bem, que pode ser regada e cultivada em todas as pessoas
humanas.
Pode, sim, estar coberta por anos e anos de sofrimento, de desilusões,
de violência, desamor, escuridão..
Contudo, uma mão amiga, um apoio
inesperado, um olhar caloroso, um sorriso generoso, uma palavra de consolo, um
ouvido atento, um abraço apertado... são poderosos.
Então, este texto não pretende ser conclusivo.
Contudo, resolvi compartilhar minha
teimosia, na esperança de encontrar muitos outros teimosos. E dizer-lhes: não desistamos,
nem do mundo, muito menos de nós mesmos.
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