Costumo dizer que existem momentos em que viver demanda toda a dedicação, e a criatividade se direciona para essa ou aquela esfera do convívio. Porém, talvez hoje eu venha refutar a minha própria afirmação, porque percebi que quando tudo anda nos trilhos, ou da forma que sentimos que deveria estar, alguma coisa acontece com o tempo. Digo, sabemos que é mesmo um conceito relativo. Varia conforme não somente questões físicas, como de percepção, emoção e condições da própria natureza afetando nossa vida. Mas, além disso, posso afirmar com toda a certeza que, em certas ocasiões, a vida se transforma em um quebra-cabeças montado.
Aquele momento em que você olha pra peça à sua frente e enxerga tudo no seu devido lugar.
Parece, inclusive, que foi sempre assim, tamanha a sensação de realização e pertencimento, reconhecimento mascarado de gratidão, uma respiração profunda de alívio e orgulho. E, nesse momento, não somente as peças se completam como o tempo se ajusta. E de repente, o que era pouco, torna-se muito. Há uma amplificação do tempo e do espaço que não pode ser explicada senão pela concordância em desconhecer certas realidades que não nos cabem.
Infelizmente, não podemos e não temos acesso a essas sensações com certa frequência, até porque é preciso o tempo de montar o quebra cabeças antes de alcançar o prêmio de vê-lo devidamente encaixado. Da mesma forma, essa sensação não dura para sempre, motivo pelo qual passamos longos períodos relembrando a última vez em que nos sentimos assim, esperando pela próxima.
Estando você diante de um momento de contemplação da "obra-prima", ou em processo de realizá-la, a garantia irremediável é que ambos os momentos vão passar, e alternar-se. E um não existiria sem o outro.
Desse dado, percebemos que assim como o tempo e as impressões que temos dele, acredito também que assim seja com a felicidade e o que entendemos por ela: processo e/ou conclusão.
Como você a vê? |
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