Se você considerar a
minha idade, 22 anos, muitos diriam que vivi pouco.
Contudo, para mim, foi o
suficiente para vivenciar possibilidades ou ausências, em círculos, indo e
vindo, e chegar ao ponto em que eu sentei e pensei: e agora?
De repente, os
meus planos de outrora pareceram sem sentido, as antigas vontades desvirtuaram-se, e o futuro me pareceu aquela página em branco a qual eu não
tinha capacidade de ocupar, com um plano sequer.
Foi a hora em que eu
deitei na cama, olhei pra parede cheia de fotos sorridentes e amigos - muitos
dos quais perdi o contato, e pensei: o que aconteceu com aquela pessoa de
antes, que em muitas situações me parece tão distante, quase outra? Yesterday, dos Beatles, caiu como uma
luva.
Considerando a
variedade e quantidade de existências, essa sensação pode ser encarada como um
ponto de referência para muitos. Em
algum momento, a inexpressão se instalou, e arrancar um sorriso do meu coração
parecia tão difícil quanto, em um dia do passado, me pareceu a possibilidade de
infelicidade, numa festa qualquer.
Os motivos que nos
fazem chegar a esse momento não importam, a sensação que ele traz, sim. E não
vou descrevê-la, porque não quero estragar a surpresa de quem nunca sentiu, e
muito menos ressuscitá-la em que já a conhece. Mas o que eu quero dizer é
que, quando esse momento chega, temos duas opções: a mais óbvia,
afundar com ele; a outra, ressurgir dele.
Acredito que nenhum momento pode ser tão propenso a bons frutos do que aquele em que o tudo é nada. Do nada, tudo pode nascer. Meio fênix mesmo, porque não? Então encarei a tal ausência de sorrisos..
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Fonte: Proyecto Fenix |
Aliás, eu sorria.
O que estava ausente
era a força interior, aquela energia que
movimenta o corpo, head to toe, um
banho de dentro pra fora, uma descarga emocional incrível que te faz considerar
o impossível uma questão de ponto de vista. Aproveitei pra sentir o efeito
dessa falta, conhecê-lo, vivê-lo.
Desagradável,
desanimador, decepcionante.
Sabe, sou daquelas pessoas que não consegue viver sem
sorrisos.
E acredito que não sou a única. Por isso resolvi gritar aos quatro
cantos: sim, EU JÁ FUI INFELIZ! E por conhecer a infelicidade, tive mais
vontade de buscar o seu antônimo.
Não desejo pra ninguém,
por isso vou contar como fugi da minha (sim, fugir mesmo): desapeguei dos
grandes, projetos, planos, medos, regras, tudo.
Descobri que o grande é
algo que já foi construído, por outro alguém, que não eu. Com isso, pude focar
nos pequenos.. sonhos, horas, detalhes, amigos, prazeres, com os quais serei capaz de construir minha própria (também grande) história.
Pedaço por pedaço, com calma, utilizando os projetos alheios como fonte de
informação, inspiração, para matar a curiosidade.
Mas, ao olhar pro meu,
lembrando sempre que, original ou não, o que importa na minha construção é
que seja fruto das minhas escolhas.
E a principal delas é
nunca mais deixar de (e ter vontade de) sorrir.
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