1 de nov. de 2009

Acordei com saudade de casa

Hoje eu acordei.. com saudades de casa. Mas a minha casa não é mais a mesma, então essa saudade, é saudade de quê?
Sinto saudade da casa dos meus pais, talvez por saber que essas vão ser as primeiras férias que eu não estarei por perto.
Viajo em alguns dias, e estou esperando por essa viagem há alguns anos. Passei o ano pensando nela, em como seria, se eu iria, agora eu sei que vou, e penso em como vai ser. Já desisti de tentar adivinhar, sei que vai ser bom, mas como, só quando eu chegar lá..
Pra completar minha saudade, sonhei com alguém que me faz sentir em casa, mesmo sem estar perto dela.. Alguém que não sabe, não sabe..
E também tem a saudade dos amigos, dos antigos, dos novos, de todos que conquistaram espaço, de todos que eu me importo. Sinto falta do tempo juntos, das histórias juntos, do fazer-nada juntos, das conversas sérias juntos.. Nas férias, eu costumo encontrar com alguns desses amigos, e agora, pensando que não os verei, vejo e valorizo mais os momentos que eu poderia ter estado com eles e não estive, e os momentos que eu estive também.
Quem sabe essa já não é uma lição antecipada? Valorizar mais os momentos que a gente tem?
Hoje eu acordei triste, e agora começo a pensar que talvez seja pelas oportunidades que eu deixei passar, de convivência, de vida mesmo.. Pensamento meio depressivo pra quem vai viajar em breve, mas a gente não escolhe a hora nem como esses pensamentos surgem. Acordei e peguei um livro pra ler, li algumas páginas.. A cura de Schopenhauer. Quem sabe ele não enviou pensamentos negativos através do túmulo, pra mim? Porém eu acredito que são positivos, apesar de tristes. Uma mensagem pra que eu aproveite, aproveite, aproveite. Não necessariamente curtindo a vida adoidado, mas fazendo o que eu gosto, como eu gosto..
Nem sempre é possível fazer tudo do meu jeito, também é bom reconhecer e ter humildade para aceitar isso.
Só sei que meu coração está apertado, com medo de deixar aqui algumas coisas mal resolvidas, ou então apenas aparentemente bem resolvidas. E também com medo de deixar alguns especiais por aqui, mas eu sei que eles não vão mudar, ou as coisas entre nós não vão mudar, ou assim espero que seja..
No meu sonho, eu senti uma dor no peito por ter feito a escolha errada. E não sei se consegui voltar atrás.. Acordei antes de descobrir. Isso me deixou inquieta, porque aqui, agora, eu faria a escolha certa, mas ela não se apresentou a mim.. Ainda, espero.
A sensação que eu tenho, pensando e escrevendo agora, é a de que eu sou uma daquelas pessoas que relata as férias vividas há anos atrás, memórias de um passado bom e distante. Na verdade, o que acontece é que agora é a hora que eu tenho pra viver essa memórias, as memórias que eu terei depois, que lembrarei, sentirei saudades..

Enfim.
Perdi a linha de raciocínio.

5 de out. de 2009

Quando você precisa calar

Venho querendo escrever esse texto há um tempo. Aliás, venho pensando no título há um tempo, porque foi somente nele que eu pensei. Na minha cabeça, ele é autoexplicativo.
Venho aprendendo, aos poucos e devagar, que existem certas atitudes que só podem ser tomadas em grupos: a dois, a três, quatro, cinco.
A vontade individual nem sempre é suficiente, e muito menos funciona como combustível para uma atitude. O carro pode estar cheio de gasolina, e ainda assim não funcionar..
Eu sempre defendi, acreditei, na liberdade de escolha, de ação, de vontade, de desejos e sonhos. Sim, acredito e prezo por esse direito de ser livre. Mas, na prática, essa liberdade nunca é total: às vezes, além de escolher, precisa-se que outrem concorde em ser escolhido; ou, para fazer algo, precisa-se que outrem deixe que você o faça. Meus sonhos são meus, mas não dependem somente do que eu faço ou quero fazer.
Aprendido isso, eu vejo que na maior parte das vezes você precisa calar. E esperar. Sim, calar, porque sua vontade sozinha não vai mudar os acontecimentos. E esperar, para que apareça uma oportunidade ou uma situação em que a sua vontade vire a do outro (um ou mais). Talvez seja por isso que a terceira idade seja tão paciente.. Viveram longos períodos de espera, mesmo que nem sempre quisessem esperar.
A postura precisa ser positiva, mas serena. Forte, pra que dure e pemaneça viva. Porque muitas vezes você vai repensar sua atitude e ver se é isso mesmo. Pelo menos, assim você pode escolher.. e pensar bem antes de escolher.
Mas isso não exclui o fato de ser chato, angustiante, e difícil, bem difícil. Sim, mas eu ainda sou jovem, tenho tempo..
até aprender a esperar.

3 de ago. de 2009

Olhar de novo

Quando me diziam pra olhar duas vezes, eu achava ter entendido. Não, você nunca entende o suficiente até viver o que você tinha apenas ouvido. Porque um conselho dito soa aos ouvinte como uma história distante, passada em um lugar longíquo, nem de perto possível de acontecer a ele. Sim, o ouvinte escuta, entende, reflete, mas esquece. Se não fosse assim, os erros não se repetiriam. Ah, às vezes penso que deveria voltar e refazer alguns capítulos da minha vida. Mas aí eu me lembro que nada mudaria. Porque eu seria a mesma, não poderia voltar sendo quem eu sou hoje. De que adiantaria? Então, cada vez que eu penso nisso, acredito e vou dormir certa de que ouvirei melhor o conselho da próxima vez. O problema é que a próxima vez chega como uma intrusa, sem ser convidada e talvez sem ser notada. E quando você vê, ela está sentada no sofá, com as pernas esticadas, vendo tv e tomando o seu suco favorito. A próxima vez acontece, e você só se dá conta quando ela já terminou. Por isso que dizem que se conselho fosse bom, ninguém dava. As pessoas que aconselham, normalmente, identificaram algumas situações enquanto aconteciam. E relembraram aquela história, que tinham decerto ouvido antes, sobre Maria caminhando na estrada, e sobre os erros de Maria enquanto isso. Utilizando-se dessa lembrança, dessa vaga e fina tira de memória recortada, agem diferente de Maria. Mas a maioria nem lembra da Maria, pobre Maria.
O relógio passa, os ponteiros avançam, mas a Maria só é lembrada depois que o sino toca meia-noite. E à meia-noite as atitudes do meio dia já são lembranças. Recortadas e guardadas do lado das outras. O que fazer quando as lembranças estão vivas, mas as atitudes, mortas? Porque já foram, e não podem ser mais. É preciso conviver, reviver, e aceitar o passado morto.
É por isso, somente por isso, que reforço o conselho: olhe várias vezes. De novo e de novo. E tente enxergar se aquela ponte não é ilusão, se é segura. Se aquele pedaço de madeira é seco, se não vai lhe queimar. Se não existe um pedaço de vidro no chão, que possa lhe machucar. Olhe quantas vezes for necessário. Ah, mas isso é um conselho. Ficará ele perdido dentre todos os outros? Não cabe a mim saber ou dizer o que vai acontecer. Mas, uma vez minha visão tendo sido enganosa, eu prefiro avisar. Porque isso me priva de qualquer culpa. Não na minha vida, porque nela e sobre ela eu sou a única responsável. Mas pelo menos, que isso sirva pra vida de alguém. Pode ser você, ou ninguém.
Não apenas olhe. Mas escute, escute dez vezes mais do que você possa. E sempre que quiser falar, cale. Cale. Porque esse desejo inominado e amorfo é às vezes tão nocivo quanto diversas chibatadas. Porque o efeito de suas palavras vai muito além daquele que você deseja causar. A palavra, a sua palavra, uma vez dita, voa através do vento, e pode atingir lugares e pessoas que você nem imagina. Por isso, entenda, tente entender. Nada é por acaso. Esse clichê serve pra explicar, pra explicar que é por isso que temos sentidos. Audição, tato, paladar, visão. São todos sentidos que vêm de fora pra dentro. Você já parou pra pensar nisso? E a palavra? É uma força que nos foi dada, e o seu efeito é tão poderoso que, mesmo que você junte todos os outros sentidos, não vai conseguir compensar a sua força. Porque a palavra sai de você. É de dentro pra fora. Você é o ponto de partida de todos os fonemas que saírem da sua boca. Todos os sons, palavras, mas também dos seus efeitos. Algum dia todos entenderão, quem sabe, mas sempre nascerão outros que precisarão entender. Contudo, você, o que você faria? Aliás, o que você vai fazer? Se você pode escolher entre ouvir um conselho ou deixar que Maria tenha errado em vão, o que você vai fazer?

6 de jul. de 2009

Verbativo, Heráclito e a teoria da relatividade

Escrevi esse texto em 2007, logo que cheguei em Recife. Entre abril e junho..
Gosto muito dele, perdi meus textos e achei que tinha perdido esse. Graças a Deus ele estava no meu email, nos emails enviados.

Morar em outra cidade é uma coisa complicada. Você vive numa ponte, e não sabe pra que lado ir. Na verdade, você sabe, mas às vezes saber não é suficiente. A mudança é, em muitos casos, uma decisão pessoal, se não, pelo menos há um consentimento pessoal, e se não há, é necessário que se descubra um meio de criar, porque é necessário. É estimulante, desafiador. Mas não é fácil, nem maravilhoso. É um dia-a-dia que você tem que criar sem base nenhuma, sem os amigos de sempre, sem o apoio direto dos pais e familiares, e até dos amigos, sem um chão firme pra pisar. Você entra em terras estranhas, e eu considero essa a melhor definição dentre todas que possa encontrar-se: areia movediça. Claro, existem n pessoas que se dizem dispostas a ajudar: “Qualquer coisa pode me avisar”, “Estou aqui pro que for preciso”. E, por mais que isso não ajude, acredite, ajuda. Mas não da forma literal, ou da forma que você pensa que vai ajudar. Ajuda, sim, de outra forma, que talvez só entenda quem passa por uma situação parecida: não há coisa pior do que descobrir que você viveu, até aquele momento, acreditando depender o mínimo possível das pessoas, quando na verdade o mínimo era máximo. E esse máximo incomoda tanto que você se empenha avidamente na tentativa de extinguir essa incômoda descoberta, mas não dura muito tempo até você perceber que não foi muito válida a sua tentativa. É fato, ainda que evite ser admitido por grande parte de nós: vivemos querendo conquistar uma independência que na verdade não passa de uma busca pela melhor forma de assumir que somos, todos, direta e indiretamente, dependentes de todos os tipos de relações sociais que se possa ter simultaneamente. Sejam elas superficiais, falsas, ou as tão raras verdadeiras e profundas, precisamos de todas. E descobrir isso é, ao mesmo tempo, angustiante e aliviante. Mas não se iluda, essa é só mais uma das descobertas, porque eu já percebi que descobrir é um verbo que possui uma quantidade exorbitante de substantivos que estão tão intrinsecamente ligados a ele que algumas vezes seria melhor descobrir em meio aos gramáticos uma nova nomeação que se encaixasse entre verbo e substantivo. Não sei, talvez verbativo, não, não verbete, mas enfim. Não é essa minha especialidade. Voltando ao morar fora. Você descobre que não é tão fácil assim encontrar amigos como os seus, e que talvez você nunca os encontre, mas mesmo sabendo disso você precisa acreditar que pode encontrá-los, e, mais ainda, você tem que estar preparado e disposto a procurar, porque eles podem estar em qualquer lugar, ou em lugar nenhum. Mas ainda fico com o otimismo. Ah, e como a importância do pouco e bom aumenta, como aumenta. “Poucos e bons”. Momentos, distrações, colegas aconchegantes (os quase-amigos, aqueles que você não descobriu ainda o que falta pra se tornarem seus amigos), tempo livre, tempo livre bem gasto, cúmplices. E as esperanças? As histórias imaginadas, as aventuras a ser realizadas pra desbravar o território desconhecido? Na prática você descobre que elas dependem mais de você do que dos rumos que sua vida vai tomando. E aí reaparece um pouco do egocentrismo que Piaget descreve nas crianças no desenvolvimento cognitivo, ou pelo menos, é o que deve acontecer: deixe de lado a noção de causalidade, porque as coisas realmente vão depender de você pra acontecer. Em todos os sentidos. Os outros? Cuidam de suas respectivas vidas, incluindo a sua pessoa em um pedaço ou outro, mas, me desculpe a sinceridade, eles não possuem, ainda, motivos pra incluí-lo em nada mais que isso. Nada que não possa mudar. Como dizia Heráclito: tudo flui. Aquele nome, que desde criança você escuta como uma característica que você deseja intensamente possuir quando crescer, e aí você cresce sem perceber e chega a hora de buscar o merecimento da atribuição, ah, sim, a responsabilidade, veja bem, é bem mais fácil alcançá-la do que eu pensava. Basta um pouco de consciência de situações globais. E nesse ponto eu não posso dizer nada além disso.
As horas costumam passar, pelo menos, três vezes mais rápido, e nesse momento eu queria ter um encontro com Einstein para parabenizá-lo por essa tal teoria da relatividade, porque ela realmente funciona. E, engraçado, você encontra tempo pra tudo! Mas, um conselho, cuidado com aquele tão falado estresse, porque ele literalmente não é uma situação inventada pelos farmacêuticos para vender mais Prozac, é fato e existe. Como tantas outras lendas ou palavras sutilmente presentes em nossas rodas de conversa, que você começa a perceber que na verdade sempre existiram e quem não era capaz de notar era você. Mas isso é tema pra outro dia...

4 de jul. de 2009

Não tenho paciência pra televisão.

Resolvi roubar essa parte da música pro meu post de hoje, porque ontem, assistindo TV, ou tentando assistir, descobri que não tenho paciência. Fico logo inquieta. Ou eu vejo filme, ou então o programa tem que ser muito bom pra me prender. Como hoje em dia não existem programas de muito alto nível, conclui-se que dificilmente eu sou presa por alguma coisa que passa na tv.
Enfim, o post não é necessariamente sobre isso. Numa sexta-feira à noite, eu fiquei em casa, e irritada porque o fiz. Fui dormir tarde, e, apesar de cansada, devia ter saído.
Em férias, é impossível não deixar, em algum momento, a cabeça desocupada. Mas eu já concluí que essa atitude não é nem inteligente nem saudável, e decidi nesse momento que me esforçarei para não fazê-lo. Tenho muito no que pensar, mas preciso não pensar em nada por um tempo. Nem que sejam uns dias.
Algumas vezes, quando certas decisões lhe cabem, é preciso que você pense nelas o tempo todo, até chegar a uma linha de pensamento, a uma decisão final. Mas, em outras ocasiões, mesmo que você decida sozinho, o andar dos fatos não depende nem vai ser coerente com o que você quer. Ou, pelo menos, não necessariamente. Essa é a arte de lidar com o imprevisível. E de se sentir impotente, de tentar se acalmar e deixar que os fatos e as situações decidam sozinhos.
Eu acho, aliás, tenho quase certeza, que 95% das pessoas, como eu, odeia essa espera. Contudo, isso não anula nem diminui a agonia e a ansiedade de não poder fazer nada. Talvez, se aceitássemos mais serenamente essa realidade, nossa vida fluísse melhor. Não literalmente, porque mesmo que a gente não queira, as coisas fluem. Contra nossa vontade. Mas, quando você nada junto com a correnteza, chega mais rápido aonde você quer chegar.
Estou considerando a possibilidade de pegar uma carona na próxima correnteza. Espero que ela seja aquecida, e forte o suficiente para não me deixar desviar. Porque, já entendi, não posso fazer mais nada.
Existem certas coisas, certas atitudes, certos resultados, que simplesmente não dependem de você. E, mesmo que você possa fazer A ou B para contornar isso, nada vai realmente resolver o problema, a menos que ele deva ser resolvido. Como eu também não gosto de migalhas, prefiro deixar que ele se vá, e que o destino final seja determinado, na hora certa, por quem quer que seja, aonde quer que seja, como tiver de ser. Eu estarei na correnteza, e na hora certa, chego lá.

29 de jun. de 2009



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engraçado pensar que eu me surpreendo todo dia. Às vezes, numa tarde penso mais do que numa semana. em outros momentos, passo um mês sem pensar em nada de importante. e posso evoluir muito num minuto, ou quase nada em um ano..

percebi que isso depende sempre de você. do que você espera, do que você acredita, do que você duvida. as ações da vida são sempre uma resposta ao seu modo de enxergá-las.. eu posso ver uma queda como um recomeço, e você como um fim. eu sorrio ao pensar que, à medida que me entendo, entendo mais as outras pessoas. porque cada diferença tem um ponto de partida, cada fato e acontecimento tem uma importância, e, apesar de nenhum deles representar o que eu sou, todos eles tem parte no que eu me tornei..
eu acho que a melhor forma de me definir é dizendo que eu sou uma pessoa disposta a acreditar, que hoje sorri dos erros e agradece por cada um deles, preferindo sempre me permitir sentir do que a postura fingida. adoro coisas novas, e já entendi que nada pode ser como já foi um dia, que um segundo pode transformar um dia de sol num dia de chuva, e que uma atitude pode levar embora tudo o que um dia foi, e não é mais.. aliás, desisti de buscar o que foi, e prefiro ir atrás do que não é, e pode ser. desisti de me iludir acreditando que só o meu querer vai tornar algo insubstancial uma coisa concreta. mas respeito e admiro todos os "quereres", porque sem eles o ontem não teria feito valer a pena o hoje.
são sonhos, vontades, desejos, irreais, surreais! mas a porta de entrada pra realidade!
admiro e prezo por pessoas sinceras, de bom coração, e continuo aprendendo que cada um tem seus limites. vivo tentando respeitá-los..
em troca, não espero um sim, nem um sorriso. mas também não tenho medo do não. não espero nada, nem me importo com o que me oferecem, porque o que eu sou não vai mudar.. a menos que essa seja a minha vontade.
(camilla borges - 10/03/2009)

BILHETE
Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda...

Mário Quintana

15 de jun. de 2009

Café preto, puro. Com ou sem açúcar?

Decidi vim falar do café. Ou pelo menos começar falando dele. Faz um pouco mais de uma semana que eu não tomo café, quer dizer, até hoje. Hoje tomei um gole, mas não decentemente. A dor que eu sentia voltou, e eu parei. Dor física, mesmo. Daquelas com direito a remédio pra melhorar..
Mas agora estou melhor. E resolvi lembrar um pouco do que a companhia dessa bebida preta me recorda.
Principalmente, de muitas noites, sozinha, sentada, estudando, lendo livros e mais livros. Porque a maior parte da minha curta vida foi passada na escola, e como eu sempre tive pais exigentes, estudava. Até adquirir um gosto por isso.
Mas também tiveram as noites que eu passei, sozinha, lendo, só que dessa vez, romances. Cheguei à conclusão que pra mim, café é concentração. Me acalma, tira a ansiedade, me faz sentar, respirar e focar no que está na minha frente. Ou então me dá forças pra um dia longo e cansativo, que eu sei que vem pela frente..
Lembro um dia em que eu tinha passado a manhã e a tarde dançando pra uma apresentação, que era à noite. E cheguei em casa, só pra tomar um banho quente e rápido, antes de voltar pra lá. E tomei uma xícara de café, e outra. E minhas forças, pelo menos as que ainda eram possíveis de retornar ao meu corpo, vieram com tudo. Foi, senão suficiente, pelo menos necessário pra aguentar aquela noite cansativa e feliz.
Eu me convenci que sou uma pessoa sensível. Não no sentido de emoção, que eu também sou. Mas no sentido de sentidos, mesmo. Cor, sabor, som, luz, cheiros. Tudo isso me lembra dias, semanas, meses, épocas.
O café me lembra toda a minha vida. Ou pelo menos a parte em que eu estava consciente. Desde novinha, eu sentava na cozinha, conversando com as empregadas, com um pacote de biscoito maizena do meu lado, e conversava, conversava. Molhava o biscoito no café. Conversava, comia, conversava, comia. Acho que tive uma infância diferente.
Como filha única, não tive irmãos pra brigar nem pra brincar. Meus irmãos por parte de pai eram mais velhos, não viam graça no que eu fazia ou queria fazer. Então eu fui, algumas vezes, obrigada a ser adulta antes do tempo. Sentava pra ouvir as histórias, e ficava encantada com elas. Histórias da vida real, e não dos livrinhos de mentirinhas que as crianças costumam ouvir. Deles eu também gostava, claro. Qual criança não gosta de um desenho animado? Mas muitas vezes eu preferia a animação de ouvir fatos que aconteceram, contado por pessoas que tinham vivido o que contavam.
Nesse meio tempo, meus pais trabalhavam muito. Passaram a maior parte da minha infância entre uma viagem e outra, e foi assim que eu ganhei uma mãe de coração que tenho até hoje, minha babá da época. E foi assim também que eu ganhei doces lembranças, ainda que nem sempre adequadas pra uma menina de 5, 6, 7 anos, como eu era, de pessoas de carne e osso.
Na maioria das vezes, eram os empregados da minha casa. Eu tinha amigos, claro. No meu prédio, possuía um grupo de amigas, algumas das quais tenho até hoje. Mas com elas eu brincava de ser criança. Eu era criança, afinal. E aí eu sentia falta de passear pelo mundo adulto. Queria sentir mais de perto uma vida que estava perto da minha, mas que tinha muito mais emoção, mais ação. Não sabia eu que a minha também teria. Ou pelo menos eu acho que tem.
Assim, desde criança, quando eu ainda tomava café com açúcar, eu costumo sonhar.
Sonhar com aquilo que ainda não tenho, não sou, mas posso ser, ter, fazer. Adoro ser assim.
Mais do que isso, dessa época e dessa convivência, trago comigo uma das minhas maiores qualidades, ter aprendido a respeitar o outro. Não importa cor, raça, gênero nem condição social.
Porque eu tive um pai, por 18 anos, que foi o meu motorista. E ganhei uma mãe, que tenho até hoje, que era a minha babá. Continuo tendo, além deles, meus pais de sangue. Pai e mãe de sangue. Mas aprendi, com isso, que de onde menos se espera, podemos encontrar um alguém especial, diferente, que se preocupa com você, que busca a sua felicidade, que pode lhe amar, lhe querer bem, compartilhar a vida dele com você, e, não importa a idade, quando vai, deixa um pouco de si, e leva um pedaço de você.
Todas as pessoas que passaram na minha vida deixaram um pedaço delas comigo. E todas elas levaram também um pedacinho de mim. Mas, aos que me ensinaram, com tanto carinho, aos que cuidaram de mim como se eu fosse filha deles, aos que se preocuparam, olharam por mim enquanto meus pais não estavam lá, a essas pessoas eu agradeço por ter deixado comigo uma das melhores partes de mim.
Sempre pensei em um dia colocar isso pra fora, minha gratidão, amor, carinho, estima, por todas essas pessoas. Do meu pai-motorista que infelizmente hoje não tenho mais contato, à minha mãe-babá que eu amo como uma mãe ainda hoje, passando pelas empregadas que ficaram na minha casa por muitos anos, cozinharam pra mim, conversaram comigo, compartilharam comigo suas vidas, me fizeram entender e respeitar, me ensinaram a ser humilde, a todos vocês eu devo muito.
O café continua aqui, agora, sem açúcar, mas com adoçante. E através e por causa dele, eu estou aqui, sentada, alguns anos mais tarde, mais velha, mais consciente, provavelmente diferente, mas posso sentir, em uns poucos goles, o sabor de épocas que já não voltam mais..

14 de jun. de 2009

Pela janela aberta

Quando eu escrevo um título, normalmente não penso sobre ele. Vem de dentro. E eu costumo deixar que as palavras me levem, e talvez deem sentido ao que começou de um pensamento. Apenas pensamento.
É o que estou fazendo agora, o que ando fazendo, o que sempre fiz. Adoro pensar. Em situações loucas, ou possíveis, relembrar, reviver, criar pra que aconteça. E hoje eu me lembro de ontem.
Das amizades construídas? Dos dias felizes? Dos sorrisos compartilhados? Do choro na despedida? Do desespero quando algo deu errado? Da dedicação? Do medo do desconhecido? Da ansiedade pelo novo? Não. Hoje eu me lembro de ontem, ou de hoje, visto que não fazem nem 24 horas.
Mas de quê? Dos meus pensamentos, principalmente da minha capacidade de pensar coisas absurdas enquanto você falava. Mas não é que você tenha falado besteira, porque se isso tivesse acontecido, eu ia precisar ter me concentrado pra conseguir rebater e responder ao que você falava. Mas eu não precisei me concentrar, porque eu entendia tudo o que você dizia.. E por isso eu pude viajar, e pensar, porque, engraçado, me senti numa zona de conforto.
Às vezes precisamos de muitas conversas pra começar a sentir uma confiança maior, o que me surpreende é quando isso acontece na primeira. Não é confiar, de se expor. É confiar, de se mostrar. Mas eu acho que você entendeu, você entende, e, se não, vai entender. Não achei ruim, mas achei diferente. Tentando lembrar de quando isso aconteceu pela última vez, me surpreendo mais.
Não quero falar sobre isso mais do que falei, porque ainda não é hora.
Mas ainda preciso juntar as coisas, e explicar aonde todos esses pensamentos soltos se unem em uma bagunça que faça pelo menos sentido..
Aonde?
Na minha casa.
Como? A porta ainda não está aberta, mas, contrariando o meu pensamento controlador, alguma coisa entrou pela janela sem que eu tivesse percebido..
Esqueci de fechar. Na verdade, acho que no fundo eu deixei aberta, por alguma razão. Ainda espero entendê-la, por enquanto eu só desconfio.
E foi essa pergunta que eu te fiz. Porque você, e porque agora? Mas você não sabe me responder, porque não dá pra saber. Pode ser que seja só mais um vento forte, gelado, que bata no rosto, balance os cabelos, deixe uma brisa suave, e depois vá embora. Mas pode ser que fique. E esquente um pouco a minha casa, e assim eu possa desligar o aquecedor.. por algumas horas, dias, semanas, vai saber.
Eu resolvi, enquanto isso, parar. Sentar no sofá, respirar fundo e esperar pra ver o que vai acontecer..

8 de jun. de 2009

Sono e saudade.

Não sei de onde tirei esse título. Mas são dois sentimentos que me povoam nesse momento. Depois de uma jornada cansativa e intensa, mais ou menos dois meses seguidos, com poucos intervalos de calmaria, com muitas novidades e muita informação nova pra assimilar, estou um pouco cansada.
E, se antes o meu cansaço poderia ser sanado em dias de inércia, hoje ele precisa ser guardado, pra ir sendo sanado aos poucos. Um pouco amanhã, outro pedaço na quinta, um pedação no sábado. E domingo já tenho que voltar. Nada, nem vou poder parar. São momentos de descanso intercalados com momentos de responsabilidade. Porque essa não me escapa mais. Prefiro assim.
A saudade é nostálgica, do que já foi, e como era antes. Mas não é uma saudade do tipo querer que volte.. Só em curtos períodos, como poder passar uma semana inteira sem fazer nada, e sem precisar fazer. Porque eu posso passar sem fazer, mas aí vai acumular depois..
Ando me acostumando com essa vida de gente grande. Na escola, eu achava que minha vida era super digna de ser respeitada, eu estudava muito! Oh, que doce ilusão. E agora, que além de estudar, tenho que trabalhar, ir aos eventos do trabalho, cultivar minha vida social (composta de vários grupos de pessoas diferentes), achar um tempo pra cuidar de mim, um tempo pra ler, outro pra ver os filmes que gosto, ir pra faculdade, escrever no blog, parar tudo isso e respirar fundo, pra comecar de novo.. E ainda tem o trânsito. O querido e barulhento, de todos os dias, segunda a segunda. Os mal educados, os mal amados, os perigosos, os mal encarados.
A vida movimentada, como o trânsito das seis da noite, é assustadora, irritante, mas me faz falta, quando ausente. Já não me acostumo com a calmaria, isso aqui que agora vivo é o que eu estou aprendendo a chamar de casa, uma nova casa, adaptada, reformulada, criada e cultivada por mim mesma, do meu jeito. E por isso que em tão pouco tempo, tudo aqui já me faz falta.
Nada melhor do que o meu quarto e a paz de poder dormir sem ninguém pra me acordar. E aproveito isso com um sorriso no rosto, porque não sei até quando vai ser assim.
Aliás, nesse momento tenho sono, mas amanhã de manhã terei um dos meus momentos de descanso fracionado, e por isso estou aqui. Pra reportar, escrever, e não esquecer do que estou sentindo nessa fase, louca e adaptativa, da minha vida.
Estou me adaptando. Sim. Aos novos amigos, aos velhos novos amigos, aos velhos amigos que estão longe. Estou aceitando que os velhos sempre vão ser os velhos, que nada vai mudar no sentimento, mas que nem sempre dá pra ser tudo igual no dia-a-dia. E entendendo que os novos, não importa o tempo, podem se tornar tão importantes quanto os velhos, sem substituí-los..
Díficil é fazer com que os velhos entendam isso. Ah, um sábio amigo me disse uma vez: amizades são somadas, nunca divididas. Que bela frase e que lição ele me deu.
No auge dos meus medos, do meu egoísmo, da minha postura titubeante face ao novo, ele me dá um banho de água fria. E assim eu pude entrar, de certa forma, limpa. Não totalmente limpa, mas pelo menos, mais consciente. Porque eu já tinha me jogado uma vez, mas não tinha sido uma experiência tão boa.. Tanto que, dentre os amigos, poucos são velhos novos. Ou são velhos, ou são novos. Dessa fase intermediária, permanecem uns poucos, alguns necessários, extremamente necessários, outro apenas suficientes, no tempo que lhes cabe ou que lhes coube. Talvez não caiba mais.
Agora acho que vou dormir. Os pensamentos são muitos, se eu permanecesse aqui, escrevendo, de sono e saudade o assunto iria a outros e diversos carnavais.
Talvez o próximo título seja esse, carnavais. Ou então eu pule pro café, que também é um querido e muito velho amigo.
Até a próxima.

7 de jun. de 2009

Escrever

Escrevo porque nem sempre falo. Algumas vezes não há quem possa ouvir.
Escrevo pra não esquecer do que pensei, quando não pude compartilhar com alguém o sentimento e o pensamento que me agoniavam.
Escrevo pra falar aos que desconheço, na esperança de encontrar um similar entre os diferentes.
Escrevo pra não calar, porque se não posso falar, pelo menos escrevendo posso, ainda que só pra mim.
Escrevo pra me convencer, quando a dúvida me atormenta, e o medo me consome.
Escrevo pra esquecer, porque assim posso tirar da memória um pedaço da minha pequena história.
Escrevo pra gritar, porque as palavras gritam quando lidas com fervor.
Escrevo pra eternizar um pouco do que sou, quem sabe um dia, aos que virão, isso tenha algum significado..
Escrevo pra que saibam que penso, mesmo que não concordem ou aceitem o que se passa na minha cabeça.
Escrevo pros que não gostam de mim, pra que vejam que não me importo, e que continuo a viver mesmo assim.
Escrevo para parar o tempo, porque tudo anda tão corrido, que é bom respirar e descansar.
Escrevo como uma forma de esquecer do que passou, do que ainda não passou, do que vai passar..
Escrevo porque assim posso controlar o tempo, o tema, a cor, a história.
Escrevo pra não deixar que morra o meu desejo por coisas que ainda não vi.
Escrevo pra que permaneca viva a lembrança do que já vi.

Escrevo, porque as palavras são, pra mim, terapia, conforto, consolo, esquecimento, lembrança, contradição, perturbação, contestação, sossego..

2 de jun. de 2009

Qual a cor do século XXII?

Eu poderia perguntar, além do sabor e da cor, outras sensações. O cheiro, o som.
Mas o que isso significa?
O que eu quero dizer?
Ainda quero esperar mais um pouco antes de responder.
O que essas sensações trazem, lembram, significam?

1 de jun. de 2009

31 de mai. de 2009

Jogar-se ou esconder-se?

Odeio essa falsa hipocrisia do medo. Sim, porque mesmo que tenhamos vontades, ele sempre quer tomar o lugar delas pra ser a parte principal. Ele quer se destacar, ser evidente. Te fazer desistir ou te deixar ser e fazer. Isso depende de como você encara tudo que ele proporciona.
Mas, afinal, pra quê? Medo, medo. Se eu pudesse te definir e tivesse Freud como meu espelho, te chamaria de superego. Quantas pessoas, e quantas vezes, não prenderam-se ao falso moralismo que tu pregaste, e viram-se enclausuradas num ciclo vicioso? Com a janela aberta, com as asas saudáveis, mas atrofiadas?
Quantas asas atrofiadas permitiram-se chorar a angústia do não que impuseste?
Será que serei eu uma delas? Vejo, claramente, a tua influência sobre mim. E sei que não sou a primeira, nem a última, muito menos a única. Consigo identificar entre os passantes milhares de corações cansados de abaixar a cabeça. Mas ainda não entendo o porquê. A tua força é tão grande sobre nós que mesmo o mais forte, diante de ti, torna-se covarde.
E eu, o que sou? Te vejo, analiso cada curva da tua expressão, consigo encarar teus olhos frios e inexpressivos, me penetrando e fluindo pelas minhas veias, como uma onda forte e impossível de ser contida. Qual é o teu veneno?
Meus anticorpos não são capazes de destruí-lo. Ele é mutante, mutável. Mas tem horas que eu perco a paciência. Nesse momento estou com total ausência dessa calmaria que me fez aguentar por tanto tempo. Talvez eu nem devesse ter aguentado, mas com que forças?
Agora busco forças pra conter o avanço, milimetrado e calculado avanço, e não as encontro. Desejo ardentemente, do fundo do meu íntimo, revoltar-me contra essa retenção, sair desses muros altos e impiedosos que me cercam e agoniam.
Ah, mas que agonia desesperadora. E agora? Parece-me que uma ventania se aproxima. Para balançar as estruturas, desafiar meus limites, e quem sabe, me trazer forças pra superá-lo, maldito medo?
Porque tens companheiros tão fiéis e inseparáveis? Malditas regras, imposições sociais, repressões, recalcamento freudiano, maldito MEDO!
A ventania já se faz sentir.. e a vontade me diz que me jogue. Mas tu insistes pra que eu me esconda. Quando poderei decidir, finalmente, tranquila e serena, apesar dos perigos de cada uma das escolhas, o que fazer? Que temporal precisa cair para que eu me defina, tome coragem e escolha um rumo? Teria algum deles uma estrada segura?
Meu coração se inquieta de perspectiva. Balança, bate freneticamente no meu peito. Perdi o sono, perdi o desespero, a ânsia do porvir, porque o que está pra vir já se denuncia aos meus sentidos.. E o que fazer, agora, que a ideia pode ser concreta?
Deixo-te me levar, medo, ou revolto-me permanentemente contra tua vontade? Será que serei forte o suficiente pra manter essa revolta? Por quanto tempo?
MALDITA VENTANIA, que seja RÁPIDA, INDOLOR, E QUE ME MOVIMENTE!

24 de mai. de 2009

Que meios conectam a cabeça e o coração?

Se algum dia eu encontrasse um grande mestre, como aqueles que tudo sabem e tudo veem, e tivesse apenas uma pergunta pra fazer, eu perguntaria onde exatamente a razão perde espaço pra emoção.
Talvez a resposta me ajudasse a entender o que se passa comigo..
Sem inspiração pra escrever.
Quando essa inspiração me falta, sempre é sinal de alguma coisa.
Nesse momento, além de andar muito ocupada, sei que tem certos detalhes que eu calo com medo do efeito que possam causar caso eu fale..
Ando desenvolvendo meu lado profissional. Aprendendo a gerenciar meu tempo. A fazer coisas de vários tipos, num período curto de tempo, e aproveitar todas elas, dar a devida atenção a todas elas. A uma conversa com um amigo, a uma aula na faculdade, a uns minutos de conversa antes da aula, a uma conversa no msn com alguém que eu não falo há um tempo, respondendo um email de uma amiga distante. Ando buscando a felicidade pequena, aquela imensurável que a gente não explica, não identifica, mas sabe que está lá. Algumas vezes você sente, outras você apenas sabe..
Um sorriso despertado em alguém que você gosta. A disposição de ouvir, e de ajudar a melhorar a vida de alguém. Ah, como é bom fazer isso.
Mas às vezes você precisa ter cuidado, porque você se doa pros outros e não se lembra de você..
Pode ser intencional. Mas, seja como for, não é saudável se durar muito tempo.
Isso anda acontecendo comigo. Cuido de mim, porque gosto. Cuido dos meus amigos e da minha vida social com eles, porque gosto. Mas continuo fugindo daquela floresta.. às vezes chego a dar a volta, mas não dou chance às minhas pernas para que elas deem um passo à frente.
Meus neurônios nem ousam liberar um estímulo. Meu cérebro parece estar se acostumando com o bloqueio. Ou é meu coração? Nesse ponto não sei identificar quem é o quê.
E talvez eu não queira, fique me cobrando conscientemente o que insconcientemente está bem definido e claro.
Mas como eu faço pra abrir as portas de uma e outra consciência, pra que assim elas possam conversar e entrar num consenso?

23 de mai. de 2009

Na revista Caras..

Não é de autoria minha, copiei esse trecho daquela parte que fala de relacionamentos na Caras, porque achei muito bom..
A revista é do dia 15.05.

"Mas os encontros da atualidade, foram, de forma geral, liberados de quase todos os rituais solenes de outrora, do valor sagrado da união, e quase banalizados por um tempo que é capaz de esvaziar de sentido até o milagre da sintonia. Na correria dos tempos modernos e do fast-food, na luta árdua pela sobrevivência material, nem sempre os pombinhos têm paciência com os demorados trâmites do amor. Afinal, a pulsão urge, o tempo pulsa, a falta aumenta e a solidão assusta. Há um convite invisível e anônimo à pressa. Os encontros ocorrem como num passe de mágica, como se Deus soubesse o que estava faltando e se incubisse de providenciar - (..) É verdade que muitos amores começam mesmo por acaso, crescem a partir de tramas superficiais, se eternizam quando menos se espera." Depois ele retoma o que tinha dito no começo: o amor é exceção.

Se hoje o amor é exceção, quanto tempo temos até que ele fique em extinção, e em seguida, torne-se uma lembrança?

18 de mai. de 2009

Não adianta.

"Realmente, quando dizem que algumas partes da sua vida estão além do seu controle, acredite.
Ontem fui dormir e esqueci de fechar a porta. O resultado é que hoje eu passei o dia de porta aberta, e sem querer veio uma ventania e trouxe poeira, muita poeira.

Você insiste em aparecer, e trazer aquela sujeira que eu coloquei debaixo do tapete pra fora! Não adianta, eu varri, lavei o tapete, mas é só um momento de descuido e volta tudo de novo..

Porque é que as coisas não acontecem como a gente quer que aconteça?
Eu preferia ter deletado o dia de hoje. Devia ter ficado em casa, faltado aula, ou estacionado mais rápido. Devia ter ficado dentro da sala de aula esperando o professor chegar. Não devia ter saído pra comprar aquele brigadeiro, não devia ter olhado pra trás quando te vi.

Mas não. Parei, olhei, falei com você. E deixei a poeira correr por toda a casa, ser carregada pelo vento, sujando tudo que eu já tinha limpado.
E agora tudo ficou sujo de novo. Não, não tudo. Algumas partes o vento não conseguiu alcançar. Mas aquela mancha no tapete, a mais difícil de tirar, aquela sujeira que tava grudada, que não queria sair. Eu só tinha começado a limpar! Tirado o que eu consegui tirar, ia começar a lavar..
E o vento vem e suja tudo de novo.

Agora eu não sei mais se quero fechar a janela. Não sei se quero limpar tudo de novo. Cansa. Talvez eu deixe o tapete sujo por mais um tempo, enquanto paro pra limpar o resto da casa..
Mas aí eu sempre vou olhar, e sempre vou lembrar. Afinal, pra quê isso aconteceu? Pra quê me atrapalhar e me fazer começar tudo de novo? Pra me tirar as forças? Pra tirar a coragem, a vontade?
Nesse momento eu só posso me sentir irritada.

Você bem que podia ter seguido outra direção, meu MALDITO QUERIDO vento.
Espero que seja só uma tempestade.
OU então, que seja uma mudança no tempo. Mas se for, que seja estável.
Por favor, que seja estável.. "

BEATRICE CARTILLER

15 de mai. de 2009

Porta fechada, faxina geral.

"Tomei coragem.
Finalmente resolvi trancar a porta, amarrei os cabelos, coloquei aquela roupa velha, e comecei a limpar minha casa.
Realmente, tem muita coisa pra limpar.
O tapete precisou ser lavado, relavado, e ainda continua com algumas manchas de sujeiras anteriores. Aprendi que não se deve deixar a sujeira acumular por muito tempo. Melhor resolver logo, do que adiar e depois carregar as manchas..
Se bem que, mesmo que as manchas saiam, as lembranças não sairão. Mas pelo menos fica mais difícil de lembrar delas sem o estímulo visual correspondente!
Mas eu continuo limpando..
às vezes, alguém toca a campainha. Nessas horas, eu preciso parar tudo, tomar banho, trocar de roupa, e dar um pause na limpeza. Algumas vezes eu saio pra rua pra espairecer, mas já me acostumei a conviver com a ideia de que não adianta fugir de algo do qual não se pode fugir.
As lembranças são minhas, a vida é minha, a realidade é toda e exclusivamente direcionada a mim, não posso esquecer disso por muito tempo.
Mas às vezes as sujeiras se encontram nos lugares mais inesperados. De vez em quando, o susto é tão grande que me deixa sem reação. Mas nada que uma respiração mais lenta e uma distração não resolvam. Tem que resolver.
Na verdade, acho que não podemos viver sem essa limpeza costante. Limpar o velho pra deixar que o novo entre..
E não é somente tirar o sujo. Tem que arrumar e deixar pronto pra que o vento passe, a luz bata, e novas energias se espalhem!
De certa forma, você retira o que você já conhece e deixa espaço pro que não conhece.
Talvez o que me tenha feito adiar algumas vezes essa reorganização tenha sido isso.
Retirar o conhecido pode ser difícil, mas mais difícil ainda é arrumar a casa para uma visita que você não conhece, e para objetos e pessoas amorfas que você só pode imaginar..
É um desafio e tanto. E tudo isso, essa atitude, essa disposição, você precisa fazer por si só, e de coração aberto. Não adianta chamar um outro alguém, porque existem certas sujeiras, na sua casa, que só você conhece, sabe onde se encontram e como limpá-las.
É impossível e surreal tentar fugir de si mesmo. Da mesma forma que é ilusão deixar pra depois ou pra outros a limpeza da sua casa.

No final das contas, você é a sua casa, e a sua casa é um reflexo de você.. "




Ass: Eu, voltando de uma longa caminhada fora de casa.
Beatrice Cartiller

18 de fev. de 2009

O tapete: sujo de novo!

"Verdade que eu achei que você não foi nada pra mim. Que ilusão, doce, a minha. Esqueci de lembrar! Sim, esqueci que o tempo não importa! Quando você se entrega, cinco minutos de cumplicidade podem demorar anos para serem esquecidos. Ah, e agora? Lembrei tarde, e o meu castigo é não esquecer mais.. não esquecer aqueles poucos momentos, nem as poucas verdades compartilhadas. E eu já não sei que decisão tomar. Se coloco o doce pra fora, ou continuo sentindo o aquele leve sabor ser substituído por um gosto mais amargo..
Talvez tivesse sido melhor se você tivesse mentido, ou simplesmente sumido. Talvez assim a lembraça virasse um borrão no meu pensamento. E eu não precisaria mais pensar nisso, a não ser como uma pequena saudade. Mas quando você volta, e espalha no tapete tudo o que eu cuidadosamente tinha guardado, eu fico com raiva, e perdida. Com raiva, porque tudo o que eu arrumei, você bagunçou de novo. E perdida, porque eu não sei se quero arrumar de novo, ou me acostumar com a idéia que nem tudo é como eu quero que seja.
O que eu não consigo entender é o que se passa na sua cabeça. Qual é a sua intenção com essa desordem toda? Eu acho que nem você sabe.
Agora são mais noites sem dormir, inquietas, pensando no que você pensa, no que você não pensa, no que você deveria pensar. E vendo a sujeira se acumular na bagunça encima tapete. Eu fico me perguntando se vou ter coragem de limpar tudo, ou se vai continuar assim.. Eu me enrolando, fingindo não ver, e você feliz porque causou esse incômodo, na minha cabeça, na minha vida, na minha casa."

Beatrice Cartiller

18 de jan. de 2009

L´amitié (Fraçoise Hardy)

Beaucoup de mes amis sont venus des nuages Avec soleil et pluie comme simples bagages ILS ONT FAIT LA SAISON DES AMITIÉS SINCÈRES LA PLUS BELLE SAISON DES QUATRE DE LA TERREIls ont cette douceur des plus beaux paysages Et la fidélité des oiseaux de passage Dans leurs cœurs est gravée une infinie tendresse Mais parfois dans leurs yeux se glisse la tristesse Alors, ils viennent se chauffer chez moi Et toi aussi tu viendras Tu pourras repartir au fin fond des nuages Et de nouveau sourire à bien d'autres visages Donner autour de toi un peu de ta tendresse Lorsqu'un autre voudra te cacher sa tristesse Comme l'on ne sait pas ce que la vie nous donne Il se peut qu'à mon tour je ne sois plus personne S'il me reste un ami qui vraiment me comprenne J'oublierai à la fois mes larmes et mes peines Alors, peut-être je viendrai chez toi Chauffer mon cœur à ton bois.
L'amitié



Tempinho sem postar..
Ano novo, e alguns acontecimentos nada novos.
Pé engessado.. haha
Mas eu começo a pensar que os acontecimentos se repetem pra que a gente aprenda o que tem que aprender com eles! Então eles vão, e vem, até a hora em que estamos prontos pra superar um e enfrentar outro.

Porém, alguns sonhos novos. Talvez antigos, mas ressucitados com uma nova força.
É muita mensagem sublimiar pra um dia. Por hoje eu fico por aqui.
Quando a inspiração voltar, venho escrever. Ficar em casa por muito tempo não é a melhor maneira de se obter inspiração..

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