31 de jul. de 2015

Há quem diga que amar é para os fracos..

Dizem por aí que amar é para os fracos. Se você também diz isso, provavelmente nunca amou por tempo o suficiente. Relacionamento, acredite se quiser, é pros fortes.Assim como nenhuma conquista se alcança sem trabalho, esforço e persistência, nenhum relacionamento será duradouro sem o mesmo cuidado.



A questão é que, no amor, você se expõe. Expõe seus defeitos, fraquezas e medos. Não é possível se relacionar com alguém sem baixar a guarda. E quando você baixa a guarda, você enfrenta seus leões mais escondidos. Você enfrenta a sua insegurança, o seu egoísmo, a sua vaidade, a sua individualidade. Você enfrenta sentimentos que, por toda parte, são estimulados ou incentivados. Você enfrenta o desafio de reconhecer seu erro e pedir desculpas, você enfrenta o desafio de se enxergar muito menos perfeito do que você imaginava. Você se vê, pelos olhos de outra pessoa, com toda a clareza que lhe falta. Você se expõe à alegria de estar perto e à tristeza de ter que se afastar. Você se expõe quando, sentindo-se sozinho, percebe-se precisando da pessoa que você ama. Você se expõe quando percebe que parte da sua felicidade está fora do seu controle. Você percebe como somos todos iguais.
O outro se torna um espelho de você mesmo, naquilo que você tem de melhor, e naqueles pequenos detalhes da sua personalidade, dos seus hábitos, que você gostaria que ninguém percebesse, mas o outro percebe. E não apenas percebe, ele aponta, ele mostra. E você se incomoda, irrita-se consigo mesmo, porque sabe que, no fundo, o outro tem razão. E assim, o outro lhe expõe a você mesmo.

Estar com alguém é se desafiar e se questionar. Se questionar porque o outro é diferente de você. E cada vez que vocês possuem opiniões, visões ou sonhos diferentes, o outro vai lhe perguntar: porque? O quê? Quando? E aí, você será obrigado a reconhecer para si mesmo, algumas vezes perguntas que você nunca quis parar para responder.

Estar com alguém implica escolher. Estar com alguém significa escolher sabendo dos motivos dessa decisão, e reconhecer essas razões com a certeza de que são genuínas e que não poderia ser diferente. Amar é abrir mão. Abrir mão do melhor pedaço do bolo, do último gole de água, de horas de sono para estar com alguém. Abrir mão do alguém que se ama para que seja feliz em outro instante, sem você. E esses são apenas alguns exemplos.

Amando o outro, exercitamos a habilidade máxima para que a humanidade conviva em paz. Nos tornamos melhores. Aqueles que acham que amar é para os fracos, eu digo: mera ilusão. Não existe força maior do que amar.

Amar é para os fortes.



22 de nov. de 2013

Entre enfrentar o medo e desistir





Biologicamente, o medo é uma defesa contra ameaças externas. Uma forma de nos fazer reagir e nos proteger de algum perigo. Em tese, ele existe para beneficiar. 

Socialmente, o medo faz o quê? Aquele medo não de algo concreto, mas de subjetividades criadas no nosso imaginário?
Esse, torna-nos presos em jaulas invisíveis. 




Para alguns, são tão familiares que a sua ausência é mais incômoda do que sua presença. Para outros, são um lembrete de quais limites os prendem e podem ser superados. A verdade é que, diante do medo "social", ficamos em situação muito parecida com aquela que descreveu Platão no "Mito da Caverna". Presos e impedidos de olhar o que existe fora da caverna, vislumbramos as sombras apenas. Julgamos conhecer o que está fora pelos contornos do que vemos projetados na parede. Mas, aqueles que conseguem libertar-se e saem da caverna, descobrem que existe muito mais a ser visto e vivido. Talvez ele não volte para contar aos seus companheiros. Ou talvez, volte, e ninguém acredite no que ele diz. De uma forma ou de outra, foi preciso superar o medo para ter acesso ao mundo que estava do lado de fora. 



Mas nem sempre queremos enfrentar esses medos. Pode ser que nem reconheçamos sua existência. Afinal, existem muitas formas de maquiar o medo que sentimos. Muitos discursos de auto convencimento. Arrogâncias repetidas. Vaidade disfarçada. Fugas paralelas. Mundos imaginários. 

Estamos todos sujeitos a alguma dessas opções, dentre as que prejudicam outros, e as que prejudicam somente a nós mesmos. Dessas últimas, a pior delas é a ideia de fugir pela tangente. Buscar soluções alternativas ou caminhos menos dolorosos com medo de enfrentar o real desejo que sentimos. Ou nem desejo, talvez necessidade, sentimento puro. A ideia de que mudar de foco ajuda a esquecer o objetivo. O medo sendo tão grande que, diante de uma subida que pode significar chegar no topo, e uma queda, prefere-se cair, apenas por ser um território mais conhecido. 

Talvez nunca entendamos o porquê de a humanidade ser tão frágil, a ponto de nos deixar imaginar (des)caminhos paralelos, somente por covardia. Talvez seja inevitável. Mas a inevitabilidade de pender para o conforto não precisa significar a obrigatoriedade de trilhar esses passos. 

Desafiar os próprios limites requer esforço, e coragem. 

Coragem de continuar mesmo sabendo que a cada passo, o medo aumenta, a respiração fica mais ofegante, e a vontade de correr é quase incontrolável. 

Talvez seja esse o preço pago pelos que alcançam as conquistas que desejaram: equilibrar-se entre a escolha de prosseguir e o ímpeto de desistir.  



23 de out. de 2013

E se: a geração Y parou de fazer perguntas?



Imagine viver 24 horas observando as situações e se perguntando o porquê de elas acontecerem. Essa é a minha realidade. Por mais que eu não encontre respostas sempre, pelo caminho acabo me deparando com algumas possibilidades.

A minha questão de hoje surgiu quando, sentada ao fundo da sala de aula do meu curso, administração, o professor perguntou a alguns alunos qual era o perfil deles: se eles se consideravam conservadores ou inovadores. Apesar de estar escrevendo no computador, eu estava atenta às respostas, e curiosa. Dentre todos os lugares e cursos, o de administração é onde se espera que haja maior número de espíritos inovadores, certo?


Imagem de: http://racionalizandoideias.blogspot.com.br/2011/05/o-professor-e-o-curriculo.html

Errado. Pelo menos na minha sala, eu fui a única entre os questionados a responder “perfil inovador”. O professor continuou a aula, mas eu desviei minha atenção pro que, pessoalmente, considerei uma constatação bem preocupante.
Explico:
1.       Quem vai estudar administração, sabe que a atividade principal da área é tomar decisões, certo? Hoje mesmo outro professor reforçou isso. E apesar de tomar decisões todos os dias, e ser uma atividade comum em outras áreas, na administração, essa é a atividade principal. Os administradores buscam respostas e soluções.
2.       Em qualquer curso universitário composto majoritariamente por jovens – a geração Y, em pleno século XXI, a opção “perfil conservador” não é a resposta mais esperada.
3.       No mundo em que vivemos, globalizado, fronteiras relativizadas, soberanias contestadas, competição acirrada, capitalismo avançado, fluidez social.. inovar pode ser interpretado como “moda”, “necessidade” ou “obrigação”.
4.       Ou pelo menos, esses argumentos fazem parte da lista de justificativas dos que preferem uma vida em terreno conhecido e sem muitas aventuras ou riscos (profissionais, de início, mas que se refletem na vida pessoal com bastante frequência).
5.       É aqui que entra a minha preocupação: se os jovens U – leia-se união, símbolo matemático mesmo - futuros administradores estão seguindo o caminho do conservadorismo, a quem cabe os questionamentos? Se os futuros gestores – no sentido amplo, em qualquer setor ou atividade -, que deveriam estar cientes das transformações sociais, históricas, econômicas e políticas das últimas décadas, se dizem conservadores, de onde virão as novas ideias?
6.       Vejo muitos jovens reclamarem de muitas coisas, mas vejo poucos querendo tomar para si um pedaço da responsabilidade em resolver os problemas que os incomodam. De uns tempos pra cá, tenho convivido com tantos inquietos como eu, que esqueci dessa realidade. Hoje eu acordei.
7.       Apesar de não existir apenas uma resposta para nenhuma pergunta, e eu ser apenas uma jovem querendo incomodar, eu sei que muitos desses jovens não estão nessa posição por vontade própria. Assim como outros estão conscientemente. Não há regra.
8.       Eu não pretendo responder nenhuma dessas perguntas, apenas deixar a reflexão para professores, amigos, estudantes, e todos que se interessarem.
9.       Inovar não tem nada a ver com moda. Inovar tem a ver com buscar ativamente respostas para as próprias perguntas, e descobrir que muitas delas permanecem apenas perguntas. E então, inovar significa não se contentar com a ausência de resposta, e sim encontrar formas de criar a sua. Que talvez sejam as mesmas de outras pessoas. Inovar tem a ver com deixar de se incomodar ou de empurrar com a barriga para empreender a própria vida e não deixar nas mãos do destino.
Imagem de: www.carreiradeti.com.br


10.   O fato de que, em uma sala onde a maioria deveria pensar dessa forma, poucos pensam – apesar de ser uma pequena amostra, pode ser visto como um sinal de alerta. Afinal, repetindo em outras palavras o que disse o professor de Processo Decisório na outra aula que tive hoje, uma resposta bem elaborada para a pergunta errada é a mesma coisa que uma resposta errada pra pergunta certa. A resposta errada todo mundo sabe. Da mesma forma, sem as respostas certas, não existem soluções. 

Você já pensou nisso?


(Postado originalmente na minha página pessoal do Facebook, levemente adaptado para o blog)

Em breve disponível no Portal: www.papodeuniversitario.com.br, onde a autora irá escrever, entre outros temas, sobre política.

7 de out. de 2013

Equilibrista: você também é, mesmo que não saiba



Quando a gente olha a vida das pessoas de fora, a gente acha que tudo caminha sempre bem. Aquele ditado sobre a grama do vizinho ser sempre mais verde. Pensamos que eles cumprem sempre prazos, são 24 horas e nos 7 dias da semana inteligentes, carinhosos, simpáticos, como naquela fração de tempo em que convivemos com eles e tivemos essa impressão. Um recorte de convivência que nos faz acreditar que a versão estendida da vida daquela pessoa é uma réplica fiel do spoiler a que tivemos acesso.


E por isso, existem aqueles que pensam: como fulano consegue conciliar tantas tarefas, ser tanta coisa e fazer com que tudo se encaixe?

"E eu, vivo aqui me equilibrando numa corda bamba, na maior parte do tempo sem muito sucesso, levando algumas quedas e precisando recomeçar?"


Na verdade, ninguém consegue dividir sua vida em faces equiláteras. 
Existem aqueles que, com cursos de gerenciamento de tempo e disciplina, aproximam-se desse patamar. Mas, mesmo eles, são suscetíveis a uma variável independente que interfere e relativiza tempo, disposição e espaço: as emoções. 
A nossa humanidade, nossos sentimentos, aquilo que compreende a impressão pessoal de cada um, é também um lembrete perpétuo de que não existe equilíbrio perfeito na prática. Meu terapeuta me disse isso uma vez, e por mais que tenha me doído um pouco escutar, eu comecei a reparar nas pessoas, em suas vidas, e na minha própria vida, para confirmar a validade da afirmação dele. 


Existem fases, momentos, e desequilíbrios. Estamos indo bem, acordando cedo, fazendo tudo como planejamos, quando, de repente, algo acontece. Uma viagem, uma oportunidade que muda tudo, uma fragilidade de saúde, um amor, uma perda, uma saudade. Seja qual for a causa, a consequência é que novamente voltamos à estaca zero, e as coisas desandam. Nossos tempos se ressignificam, nossas vontades se redirecionam, nossos desejos se reformam. E de repente, aquela preguiça que achávamos ter nos abandonado, volta no mesmo ócio procrastinador de outros tempos, para contestar nossa comodidade e ousadia de achar que podemos mesmo ter controle da vida o tempo todo. 


E então, estamos diante de outra chance de reconstruir: abandonar um hábito que nos incomodava, adotar um novo que sempre desejamos ter. De um lado ou de outro, a realidade não vai se desenhar sozinha. E, acredite, é um desenho trabalhoso e que demanda dedicação.


Digo isso para demonstrar que aquelas frases prontas carregam verdades tão profundas quanto simples: o começo depende da vontade, enquanto a continuação depende da falta de vontade sendo contestada continuamente. Porque, acredite, a indisposição vai aparecer. 


O que deve ser maior é a sua lembrança da sua vontade, que supera essa centelha de obstáculo interno ou qualquer outro que venha a aparecer. Quando um amigo me disse, no começo de um dos meus projetos, quando eu estava bem empolgada, a frase: “Guarde esse sentimento, e lembre dele”, eu pensei: “Claro que vou guardar, o que ele está falando?!”. 
Um tempo depois, eu percebi: aquele sentimento é a lembrança que me faz continuar, toda vez que algum obstáculo bobo aparece, e minha reação imediata parece sofrer de amnésia. 



29 de jun. de 2013

Eu sabia..

"Dos curtos amores, você me parecia o menos provável. Vivi outros que foram mais intensos, mais longos, mais mentirosos. Os romances passageiros têm dessas coisas: solidão, carência, empatia, atração, simpatia, conversa. A gente cai sem perceber, e quando vê, reúne forças pra levantar.




Quando eu lhe conheci, eu tinha caído, estava me levantando. Não lhe levei a sério, porque não teve entre a gente aquele quê de efemeridade usual: aconteceu, simplesmente. Um olhou, o outro olhou, e de repente, a gente dançava. Foi tão sutil, que ninguém caiu.


E você sempre teve algo que me incomodava e lhe trazia de volta à lembrança. Aos amigos, eu dizia: ele é diferente dos outros. Mas esse discurso bobo já era tão repetido que nenhum deles acreditava mais. “Você é muito romântica”, eles me diziam. Demorei a encontrar essa sua diferença, mas agora eu sei: é a leveza.





Leveza de despretensão, de naturalidade, de conversa sem propósito e se conhecer sem pressa. De respeito, maturidade, sinceridade, paz. Nunca esperei demais, nem você nunca me prometeu também. Mas hoje, eu digo: trocaria todas as falsas promessas do futuro por uma verdadeira vinda de você."


Beatrice Cartiller

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...