4 de dez. de 2008

Para um alguém.

“Você me inquieta. E até me aterroriza. Não que isso seja ruim.. depende do ponto de vista. Eu fico inquieta porque não posso saber onde você está, como você está - pelo menos não sempre que eu tenho vontade. Porque eu ainda não sei a sua comida favorita, a música que te faz chorar, seu maior sonho. Tampouco sei seu maior medo. Não sei no que consiste a sua felicidade.. e nem se eu posso fazer parte dela. Eu penso no jeito que você dorme, se você ronca ou se respira baixinho. Eu tento imaginar você irritado. Será que eu conseguiria te acalmar? Eu penso nos seus pais, e tenho vontade de conhecê-los. Para entender exatamente de onde veio esse sorriso, esse “você” que me deixa rolando na cama. Crio situações na cabeça, eu posso, né? Mas preferiria vê-las acontecendo. E até ver o que eu não ousei criar. E se a gente brigasse, você me mandaria uma mensagem pedindo desculpas no mesmo dia? Ou você ia me deixar dormir chorando? Eu não deixaria você assim. Ah, mas se depois de cada briga, a gente passasse uma noite deitados bem abraçadinhos, eu ia inventar um motivo pra brigar.. e depois ia beijar você e te fazer cafuné, olhando pros seus olhos e vendo o carinho com que eles me olham. Me inquieto porque minhas mãos coçam! Elas me pedem seus cabelos pra acariciar, suas mãos pra entrelaçá-las. O que eu digo a elas? Meus lábios estão secos. Não adianta: nem água, nem a minha saliva. Eles querem a sua boca. Minhas pernas.. não param de balançar: querem ir ao seu encontro. O que você me diria se eu confessasse essa necessidade de você? Você diria que é dependência, carência minha? Ou abriria os braços e me apertaria entre os seus? Não é carência! Porque só você serve. Desde a primeira vez que meus olhos bateram em você.. e eu precisei saber seu nome. Seu sobrenome. Suas histórias de infância. Suas lembranças da escola. Quis conhecer seus amigos, ver suas fotos, quis entender o que era importante pra você. Quis SER importante pra você. E quis tudo ao mesmo tempo! As vontades vieram como uma chuva forte. E minha roupa continua molhada. Não. Eu não sinto frio! E é isso que me aterroriza. Meus sentidos.. Eles pedem.. eles chamam.. Mais chuva! Mais água! Mais gotas de orvalho molhando minha pele, escorrendo pelo meu corpo.. Evaporando, saindo pelos meus poros. Mais, mais.”

Beatrice Cartiller

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